A defesa do setor de cruzeiros para retomar as viagens marítimas
Empresas não trabalham com a hipótese de prorrogar a suspensão da temporada
Após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendar a suspensão da temporada de cruzeiros devido aos casos de Covid-19 reportados nos navios, as empresas do setor decidiram interromper voluntariamente as viagens até o próximo dia 21 de janeiro. A avaliação no setor é de que o governo não tomaria nenhuma medida drástica que forçasse a paralisação das atividades dos cruzeiros. Mesmo assim, compraram o argumento da Anvisa e, agora, pedem a unificação dos protocolos pela União, estados e municípios. “Os processos precisam ser mais claros e estar alinhados para evitar incertezas operacionais das empresas”, diz Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia). “Os constantes atrasos e cancelamentos de última hora porque uma cidade exige uma coisa e outra cidade exige outra deixaram a experiência ruim. Ficou impraticável continuar dessa forma.”
Segundo dados divulgados pela Anvisa, houve 798 casos de Covid-19 entre tripulantes e passageiros a bordo das navegações até a última terça-feira, 4. Questionada sobre os protocolos para evitar a disseminação da enfermidade, a Clia afirma que o percentual de passageiros infectados é “pequeno” e que, em caso de contaminação a bordo, os passageiros são isolados e desembarcados. “Os casos são isolados em relação ao número total de passageiros e os positivados são isolados e desembarcados do cruzeiro”, defende o presidente da entidade. “Não tivemos nenhum caso grave de Covid-19 e nenhum passageiro foi parar na cama de um hospital”. Acontece, no entanto, que o desembarque de passageiros que portaram o vírus não foi autorizado em diversas cidades, o que levou a Anvisa a recomendar a suspensão da temporada de cruzeiros.
A definição de ajustes de processos e protocolos deve ser publicada até 21 de janeiro. O setor, por ora, não trabalha com uma prorrogação desse prazo. Caso não haja acordo, a temporada será inteiramente cancelada. “Se não for possível melhorar, infelizmente vamos ter de voltar para a Europa. Precisamos de mais clareza e agilidade nos processos”, argumentou Ferraz. É esperar para ver.
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