A ‘herança’ do ditador de Angola que envolve BNDES e Odebrecht
Filha do ex-presidente é a mulher mais rica do país e acusada de atuar como laranja do pai, morto nesta sexta-feira, 8
A família de José Eduardo dos Santos, ex-presidente de Angola, morto nesta sexta-feira, 8, aos 79 anos, ainda envolve muito mistério. Bilionária aos 49 anos, a filha do ditador mais longevo de seu país, Isabel dos Santos, tem uma história intrinsecamente ligada ao Brasil — especialmente envolvida em escândalos de corrupção e instituições como o BNDES e a Odebrecht.
Com fortuna avaliada em 3,7 bilhões de dólares, a angolana vendia frutas com a avó em feiras de Luanda, capital do país, aos 9 anos de idade, e construiu um império na área de energia e telecomunicações no país, tornando-se a mulher de negócios mais bem-sucedida de Angola. Desde o fim da ditadura de seu pai, ela é acusada de atuar como laranja do ex-presidente em esquemas de corrupção que envolviam duas estatais do país a Sodiam, de exploração de diamantes; e a Sonangol, de petróleo.
Até 2014, a Odebrecht era a maior empresa privada do país — e era detentora de 15% da empresa de petróleo de Angola. Grande parte do poderio da empreiteira advinha, exatamente, dos empréstimos de 3,3 bilhões de dólares feitos pelo BNDES para fomentar as exportações da empreiteira ao país africano — em sua delação, Marcelo Odebrecht revelou, inclusive, o acerto de propinas para o PT relacionados aos contratos conquistados em Angola.