A linha tênue entre o conservadorismo e o liberalismo no novo Congresso
VEJA Mercado: deputados e senadores eleitos devem priorizar agenda de costumes em detrimento a reformas e privatizações
A eleição do novo Congresso Nacional para o ano de 2023 composta em grande parte por nomes ligados à direita e ao presidente Jair Bolsonaro (PL) trouxe ao mercado financeiro a sensação de que, mesmo em um eventual cenário de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os novos senadores e deputados federais podem ajudar na agenda de reformas e privatizações. “Partindo do pressuposto de que a bancada composta por PL, PP e Republicanos é uma bancada mais liberal, depreendemos que as reformas estruturantes, mesmo que colocadas em um eventual governo do PT, seriam trabalhadas e passariam no Congresso”, diz a Ativa Investimentos em relatório. O Ibovespa disparou quase 6% no dia seguinte ao primeiro turno e o dólar comercial afundou 4%.
Para alguns economistas, contudo, a prioridade dessa bancada pode estar longe de ser as privatizações e as reformas estruturantes, mas sim a agenda de costumes. “A bancada eleita se baseia principalmente nas pautas de costumes. São nomes que não trazem indicação alguma de serem pró-mercado, reformas e aumento da produtividade no campo econômico”, reflete Aod Cunha, economista e ex-diretor do banco JP Morgan. “O otimismo do mercado tem sua razão quando falamos que os conservadores tendem a ser mais avessos a aumentos de impostos, o que coloca um freio de mão em propostas nesse sentido. Ainda assim, pautas como a contrariedade à linguagem de gênero, de defesa da família, da religião e de uma educação mais conservadora são prioridades bem maiores para essa bancada em relação à agenda liberal e de reformas”, finaliza.