A movimentação de Bento Albuquerque para encomendar relatoria na ANP
Imbróglio envolvendo o gasoduto Subida da Serra é acompanhado de perto por ex-ministro de Jair Bolsonaro e ação de diretor desperta estranheza
O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que esta semana depôs à Polícia Federal sobre o caso das joias do ex-presidente Jair Bolsonaro, continua exercendo influência no setor energético. Seu indicado à diretoria-geral da Agência Nacional do Petróleo, a ANP, o contra-almirante Rodolfo Saboia, tenta promover uma alteração inédita na agência. Pela regra existente, a cada 15 meses os diretores são submetidos a um rodízio, onde deixam suas áreas de atuação e migram para a próxima cadeira, deixando para trás as áreas anteriores e seus respectivos processos. Por influência do ex-ministro, no entanto, Saboia procura manter o diretor Fernando Moura, indicado por Bolsonaro, como relator do caso do gasoduto Subida da Serra, que tem a Comgás como parte interessada. O ineditismo causou estranheza em técnicos da agência e em parte da diretoria.
Embora não se conheça vínculo formal de Bento como consultor da Comgás, a alteração agrada ao grupo paulista e desagrada a associação que representa os transportadores de gás, a ATGás. O gasoduto, do projeto Reforço Metropolitano, foi classificado como ativo de distribuição e incorporado pela agência paulista Arsesp na concessão da Comgás em 2020, sob protestos de transportadoras de gás, consumidores e do governo Bolsonaro. Em 2021, a ANP decidiu que o Subida da Serra deveria ser um gasoduto de transporte, sujeito à regulação federal. A ATGás tentou paralisar as obras junto à ANP, mas tal medida foi em vão. O imbróglio segue.