A relação entre Selic e Auxílio Brasil no setor de maior peso na economia
Setor de serviços decepciona em outubro e economistas discutem o efeito gangorra entre Auxílio Brasil e taxa Selic para o segmento
O setor de serviços interrompeu uma sequência de cinco resultados positivos e registro retração de 0,6% no último mês de outubro, ante previsão do mercado de recuo de 0,2%. O número pior que o esperado foi puxado por três dos cinco principais subsetores: serviços domésticos; serviços profissionais e administrativos; serviços de transportes. Os aumentos na taxa básica de juros do país, a Selic, ajudam a explicar, em parte, tal desaceleração. O Banco Central elevou os juros no país para o atual patamar de 13,75% ao ano, percentual necessário para desacelerar o ímpeto do consumo e frear a inflação. “A sólida expansão dos setores de serviços intensivos em mão de obra contribuiu para um aumento mais rápido do emprego. No entanto, condições monetárias e financeiras domésticas apertadas, altos níveis de endividamento das famílias e a incipiente recuperação do ciclo de crédito devem gerar ventos contrários à atividade de serviços nos dois próximos trimestres”, avalia o banco americano Goldman Sachs em relatório enviado a clientes. Em outras palavras, a expectativa é que a desaceleração no setor de serviços se mantenha nos próximos meses.
Por outro lado, o setor de maior peso no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tem outras alavancas para atenuarem a contração da economia do país prevista à frente. O aumento nas parcelas de programas sociais, como o Auxílio Brasil, e a promessa de manutenção dessas parcelas em 600 reais para o ano de 2023, devem continuar a render frutos para o setor, principalmente aos serviços ligados à família. “Esperamos que alguns dos setores de serviços ainda afetados pela Covid (em particular serviços para famílias) se recuperem ainda mais nos próximos meses apoiados por estímulos fiscais significativos renovados (transferências fiscais federais adicionais para famílias de baixa renda com alta propensão a consumir), um mercado de trabalho firme e inflação retraída”, conclui o banco.
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