Bolsa não sai do lugar diante de impasse do Banco Central
Sinais do Fed animam investidores, mas mudança de tom do Copom abre incerteza para próximas reuniões

VEJA Mercado | Fechamento da semana | 18 a 22 de março
O mercado financeiro operou em relativa estabilidade nesta semana, com o Ibovespa, seu principal índice, quase ficando no “zero a zero”. A variação acumulada dos últimos pregões ficou em 0,23%, sendo que o melhor desempenho se deu na quarta-feira, 20, uma super quarta — quando tanto o Banco Central do Brasil quanto o dos EUA deliberam sobre seus juros. Na ocasião, o índice subiu 1,25%, impulsionado por sinais confiantes do Federal Reserve (Fed), a autoridade monetária americana. O presidente do órgão, Jerome Powell, disse que, independente de surpresas em dados de inflação, que têm sido mais fortes do que se imaginava, o Fed permanece com sua perspectiva para o futuro dos preços relativamente estável. O mercado acredita que não deve demorar para os EUA praticarem juros mais baixos — motivo para empolgação. Quanto à decisão de quarta-feira, a taxa-básica de juros local permaneceu inalterada, no patamar entre 5,25% e 5,5%.
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Horas após a deliberação do Banco Central americano, seu equivalente brasileiro tomou uma decisão diferente, como era amplamente esperado. A Selic foi cortada em 0,5 ponto porcentual, indo a 10,75% ao ano. Como o corte nesse patamar era dado como certo por analistas, o comunicado emitido pelo Banco Central foi o que rendeu mais atenção. No texto, o BC sinalizou que deve haver outro corte de 0,5 p.p. na próxima reunião, escrito no singular, diferente do que vinha sendo dito desde julho do ano passado. O banco, assim, adota mistério a depender do rumo da inflação. Atualmente, o mercado acredita que a Selic irá terminar 2024 em 9% ao ano, ou seja, 1,75 p.p. abaixo de onde se encontra. Já a inflação deve ficar em 3,79% no final do ano, segundo o último Boletim Focus publicado pelo BC.
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Os últimos dias renderam assunto também no campo da Justiça, com o avanço de processos de recuperação judicial de diferentes empresas. A Americanas começou a pagar credores listados em seu plano de recuperação, homologado no final de fevereiro. Cerca de quatro bilhões de reais foram destinados ao pagamento de credores trabalhistas, micro e pequenos empreendedores e fornecedores. Já a companhia de construção naval OSX, de Eike Batista, protocolou seu plano de RJ na quarta-feira, 20. As dívidas da empresa chegam a quase 8 bilhões de reais. Entre os pontos apresentados, estão um aumento da oferta de ações na bolsa de valores a serem distribuídas aos credores que não contestarem as dívidas na Justiça. Em paralelo, a Light, empresa de energia, está com seu plano de saída da recuperação judicial no forno. A empresa quer continuar fornecendo energia ao estado do Rio de Janeiro.
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