Bolsonaro e os rumos do impeachment, da autonomia do BC e da inflação
VEJA Mercado: semana começa com expectativas de inflação e tensão entre Poderes em Brasília
VEJA Mercado abertura, 23 de agosto.
Já era sexta-feira à noite, portanto pós-fechamento do mercado, quando o presidente Jair Bolsonaro comunicou que entrou com pedido de impeachment no Senado contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. O gesto tinha potencial de mexer com os mercados, já que havia expectativa de que o presidente recuasse e desse uma amenizada na crise institucional que se instalou em Brasília, e que está ajudando a criar o clima negativo que se viu na semana passada. Como já passou um fim de semana inteiro, a notícia pode acabar se dissipando e o mercado estará com lupa na mão para esmiuçar a inflação nesta semana.
Há 20 semanas, o mercado vem refazendo suas expectativas em relação à inflação e o Boletim Focus desta segunda-feira mostra que agora os analistas esperam que o IPCA feche o ano em 7,11%. Assim os olhos se voltam ainda mais para a prévia da inflação que será divulgada na quarta-feira, com o IPCA-15. No Congresso, clima de que a reforma do imposto de renda vai seguir sendo adiada.
O que não estava no radar dos investidores era a ameaça à autonomia do Banco Central e, de repente, o próprio ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, colocou uma pulga atrás da orelha de quem observa Brasília. O ministro foi ao Twitter dizer que era mentira qualquer intriga que se fizesse entre Bolsonaro e o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Na sexta, circulou a notícia de que Bolsonaro teria se arrependido de sancionar a autonomia do BC e gostaria de intervir na gestão RCN. O problema disso tudo é que o Supremo julga a constitucionalidade da lei nesta semana, o que pode ser um foco de estresse.
Se depender do exterior, o clima melhora na bolsa de valores de São Paulo. As bolsas asiáticas fecharam em alta depois que a China informou que não teve nenhum novo caso local de Covid-19 pela primeira vez desde julho.