A BR Distribuidora pediu aos investidores de cinco séries de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) que façam uma proposta para um desconto na remuneração dos títulos e com isso reduzir o valor dos alugueis que a empresa paga pelo prédio Lubrax, que ocupa no Rio de Janeiro e que foi construído sob medida para a empresa. A BR inclusive ameaça ir à Justiça casa não consiga os descontos. O caso está deixando o mercado de CRI em polvorosa. Se a moda pega, bilhões em títulos poderão perder valor de uma hora para a outra. Segundo especialistas, a BR não poderia pedir esta revisão já que o prédio foi construído sob encomenda, o chamado built to suit, e a empresa sabia que os seus alugueis futuros seriam entregues a uma securitizadora. Os CRIs que a BR quer mudar são remunerados pelo IPCA mais 5% e os títulos vencem em 2031.
A empresa alega que desde 2011, quando fez o negócio para a construção do prédio, a economia só piorou e que a situação do mercado de aluguel se alterou. A empresa também informou que o valor justo do aluguel seria de 2,34 milhões por mês. Em dezembro de 2020, pagava 5,4 milhões de reais. Ou seja, a empresa alega que paga 130% a mais do que o valor justo. Os investidores, no entanto, quando compraram os títulos, tiveram como garantia o nome da BR Distribuidora, que é a empresa que paga o aluguel e fechou um contrato de 18 anos. A valores de hoje, os CRIs com lastro nos alugueis da BR valem 600 milhões de reais.
A empresa foi privatizada há dois anos e parte das ações da Petrobras foi vendida de forma pulverizada no mercado. A estatal ainda mantém 37,5% das ações da empresa, mas que estão sendo vendidas exatamente nesta quarta-feira, 30, em um negócio estimado em 11,5 bilhões de reais.