Presidente do Banco Central (BC) durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o economista Henrique Meirelles é duro ao criticar o novamente presidente pelas críticas recentes à autonomia da autarquia e os petardos contra o presidente do BC, Roberto Campos Neto — indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “A autonomia do BC tem independência formal, e discutir isso é uma questão do passado”, afirma ele ao Radar Econômico. “Antigamente, era uma questão prática, agora é legal. Agora é uma independência legal. Não podem ser alteradas por ninguém. O Banco Central tem a obrigação formal de seguir as metas fixadas e ponto. Criticar a independência do Banco Central, dizer que as metas estão baixas, só prejudica o trabalho da autarquia”, afirma.
“Criticar inutilmente a independência funciona negativamente, prejudica as expectativas e gera ruído negativo. Só serve para isso sem o presidente mandar um projeto para rever a autonomia”, diz ele. “O presidente dá palpites com intenção política”, diz. Ele pondera que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “tem noção de que esses ruídos e críticas apenas impactam negativamente e têm efeito oposto” ao desejado por Lula. Sobre sua experiência à frente da instituição, Meirelles afirma que o presidente não havia sido agressivo como foi com Campos Neto. “Lula já ficou zangado, discordou de mim, mas nunca foi agressivo como agora. Isso ocorre por razões políticas. Há uma preocupação com o desempenho da economia este ano e questões pessoais. É difícil saber o que está na cabeça do presidente”, afirma.