O presidente da França, Emmanuel Macron, utilizou seu discurso no Fórum Econômico Brasil-França, na Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, para passar uma série de recados ao setor privado brasileiro. “As empresas francesas acreditam no Brasil. Acho que as empresas brasileiras deveriam acreditar mais na França e, através da Franca, acreditar na Europa”, diz. Elencando casos como o do gigante Carrefour, Macron afirmou que a França é o principal empregador estrangeiro no Brasil e que há certo desequilíbrio entre os dois países nesse sentido. O presidente francês atribuiu o baixo volume de investimento brasileiro em seu país a preconceitos que considera antiquados. “A França não é mais o país da complexidade como era conhecida, há uma luta constante contra a complexidade”, diz elencando a simplificação tributária no país como um exemplo de medida de desburocratização. “Os investidores brasileiros poderiam investir mais, muito mais”, concluiu.
Macron também aproveitou o evento para aprofundar seu tom elogioso ao Brasil, inclusive na economia. “(O Brasil) tem um crescimento sólido, soube controlar a inflação”, disse aos empresários. A resiliência da democracia brasileira nos últimos anos foi outro alvo de louvor do francês, assim como a força do mercado interno e a qualidade da matriz de energia elétrica do país, que é majoritariamente renovável. “Vocês são bons no que fazem. Por exemplo, nas emissões de CO2, têm uma matriz muito descarbonizada”, diz. Para o presidente francês, a “verdadeira reforma da governança mundial”, em suas palavras, tem o combate às mudanças climáticas como foco central. Como é comum a seus discursos sobre a relação entre Brasi e França, Macron criticou ferrenhamente o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. “É um péssimo acordo. Foi negociado há 20 anos. Pode tentar reanimar aquela chama, mas não é mais aquela coisa”, diz. A competição entre a agropecuária francesa e brasileira estimulada pelo acordo é a principal preocupação do francês em relação ao tema, considerando que os critérios ambientais exigidos de produtores europeus são mais rígidos do que os do Brasil.