O efeito dominó das ameaças de Trump, agora contra exportadores de arroz
Ricardo Rocha (Insper) explica por que o novo aceno protecionista de Trump mistura teatro eleitoral, ameaça comercial e incômodo direto ao Brasil
Donald Trump voltou a fazer o que sabe melhor: transformar política comercial em espetáculo. Diante de agricultores americanos — público cativo do Partido Republicano — o presidente anunciou um pacote de US$ 12 bilhões em ajuda e afirmou, sem pestanejar, que combaterá arroz barato de Índia, China e Tailândia com o remédio predileto dele: tarifa na veia.
Para o professor Ricardo Rocha, do Insper, essa postura tem menos a ver com economia e mais com palco: Trump fala como “negociante”, alimenta sua base e joga pressão sobre parceiros — mesmo sabendo que briga tarifária causa inflação interna.
Rocha lembrou que a retórica não é nova: Trump usou até o argumento de que a soja americana é “mais nutritiva”, ignorando que o Brasil preserva entre 25% e 30% de áreas nas fazendas, enquanto muitos estados agrícolas dos EUA exibem paisagens de monocultura sem uma árvore no horizonte. O professor provocou: “Se eu fosse negociador, diria que a nossa soja é ambientalmente superior.”
O grande risco, segundo Rocha, é o efeito dominó: cada aceno protecionista de Trump obriga países a reagirem, abre espaço para retaliações e deixa o Brasil no meio do fogo cruzado — mesmo sendo um dos players mais competitivos do mundo em soja, milho e carne. E a tendência é que isso escale. “Se hoje é o arroz, amanhã ele briga com o México, depois com a Colômbia… esse tema vai voltar toda semana”, afirmou o professor.
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