O fogo cruzado entre sindicatos da indústria e o presidente da Fiesp
Próximo de Lula, Josué Gomes tem desagradado grupo de empresários representantes do setor e pode receber um pedido de impeachment
Há um clima de insatisfação crescente e cada vez mais generalizado por parte de sindicatos da indústria com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes. Depois de um pedido para a convocação de uma assembleia para discutir insatisfações ter sido rechaçado pelo presidente da entidade, membros da federação afirmam que vão levar o caso adiante e estipular uma data para a reunião na próxima semana — sem aval de Josué. Entende-se que o atual mandatário, que foi apoiado no pleito pelo ex-presidente da entidade, Paulo Skaf, está ‘menosprezando’ os sindicatos, descumprindo normas no estatuto da federação, e poderá, como consequência disso, receber um pedido de impeachment.
Além de falta de diálogo, uma reclamação dos membros da Fiesp é que Josué nomeou diretores e secretários da entidade de forma autocrata. Mas, há também um componente político na pressão de, pelo menos, 78 sindicatos ligados à federação. A Fiesp, já sob comando de Josué, recomendou em uma carta antes das eleições a defesa da democracia como pilar para a escolha do novo presidente da República — a carta foi vista como um ataque velado ao presidente que tentava se reeleger, Jair Bolsonaro (PL). “A insatisfação é de vários grupos de pessoas e não tem nenhum viés político, tanto que a carta dos sindicatos foi entregue antes da eleição. Se fosse efetivamente por viés ideológico era muito mais fácil esperar para fazer esse movimento depois, caso o Bolsonaro tivesse ganho”, defende-se um empresário que se opõe ao presidente da entidade.
A última reunião na sede da Fiesp, no dia 7 de novembro, foi cercada de tensão, com ovação da plateia aos empresários que discursaram contra Josué. Na avaliação desse empresário, a situação do presidente da Fiesp é praticamente insustentável. “Caso venha ser oferecido um ministério do Lula a ele, acho que ele deveria aceitar e sair por cima, e não esperar sofrer um impeachment, porque isso seria sair pela porta dos fundos”, afirma a fonte. “A atitude de confronto que ele está exercendo não o favorece. Em vez de buscar o diálogo, ele insiste no confronto e isso tem deixado todo mundo indignado. A possibilidade de impeachment existe e vai ser discutida depois que a assembleia for convocada”.