Para os incautos, chega a ser confuso acompanhar a cobertura da RecordTV em relação ao governo de Jair Bolsonaro. Enquanto a empresa do bispo Edir Macedo faz uma cobertura positiva em relação ao presidente, nos principais jornais da casa não é incomum ouvir-se críticas à gestão do ministro Paulo Guedes à frente da Economia. O que explica, então, a benevolência da empresa em relação a Bolsonaro e os ataques ao ministro da Economia?
Nos corredores do Ministério da Economia, comenta-se que a razão da insatisfação envolve a falta de vontade de Guedes para resolver imbróglios tributários da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Macedo.
No ano passado, Bolsonaro vetou um projeto aprovado pelo Congresso Nacional que concedia perdão a dívidas previdenciárias e tributárias de igrejas e templos, por recomendação de Guedes. Mas, ironicamente, o próprio presidente recomendou aos deputados e senadores que trabalhassem para derrubar seu veto e aventou “uma possível solução para estabelecer o alcance adequado para a a imunidade das igrejas nas questões tributárias”. E aí mora o problema.
O presidente determinou a Guedes que trabalhasse para achar uma solução para os tributos das igrejas. Guedes, então, delegou a seu secretário de Receita, José Barroso Tostes Neto, para que fizesse as contas e encontrasse uma alternativa. Não houve acordo e os números não batiam. “Não vou fazer lobby para igreja”, repete ele.