Pouco endividado, o que Sergipe pensa da anistia aos estados rumo à Câmara
Governador do estado diz que projeto aprovado no Senado poderia ter passado a mensagem errada
O estado de Sergipe, em situação semelhante às do Pará e Rio Grande do Norte, não está entre os mais beneficiados pelo projeto de lei da renegociação da dívida dos estados com a União, que ficou conhecido como “anistia” e foi aprovado pelo Senado Federal em meados de agosto. Apesar disso, o governo do estado nordestino torce para que o projeto seja aprovado também na Câmara dos Deputados. “É algo que, a princípio, poderia passar a mensagem de que vale a pena ser um mau pagador, mas o projeto chegou a bons termos no final da negociação”, diz o governador sergipano Fábio Mitidieri (PSD), ao Radar Econômico.
O estado, que é o menor em área do país, tem uma dívida de cerca de 2,9 bilhões de reais, ou 23% de sua Receita Corrente Líquida (RCL), segundo dados do Tesouro Nacional. Os quatro estados mais ricos do país, por outro lado, também são os mais endividados. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul têm dívidas que variam entre 105 bilhões de reais, no caso do Rio Grande, e 293 bilhões de reais, no caso paulista. Como percentual da RCL, o pior exemplo é o Rio de Janeiro, onde o rombo supera 188% da receita.
Mitidieri considera curioso que o projeto tenha sido chancelado pela esmagadora maioria dos senadores governistas, sendo que os quatro estados mais beneficiados são governados por opositores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em paralelo à renegociação das dívidas com a União, Sergipe está concluindo uma negociação com o Banco Mundial para amortizar outros débitos.