“Temos que mobilizar o capital privado”, diz Tarcísio ao Radar Econômico
Em entrevista à coluna, governador afirma que leilão traz a motivação para que a gestão paulista avance em outros projetos dessa natureza
O leilão do Trem Intercidades, que ligará São Paulo a Campinas, foi um sucesso — e, segundo o governador Tarcísio de Freitas, apenas o início de uma série de concessões no estado de São Paulo. A concessão foi vencido pelo consórcio C2 Mobilidade, liderado pelas empresas Comporte Participações, controlada pela família Constantino, fundadora da Gol, e a chinesa CRRC.
“O leilão traz a motivação para que avancemos em outros projetos dessa natureza”, diz o governador, em entrevista ao Radar Econômico. “Já estamos avançando no projeto da linha entre Sorocaba e São Paulo, que já está bem avançado. Devemos abrir a consulta pública neste ano para fazer o leilão no ano que vem”, afirma. “Se queremos dar um salto na mobilidade no Brasil, temos que mobilizar o capital privado”, defende ele.
“No roadshow que fizemos na Europa, onde passamos por Itália, França e Espanha, apresentamos os próximos projetos ferroviários a investidores estrangeiros. E notamos, sim, interesse desses agentes nos projetos do governo de São Paulo”, afirma Tarcisio sobre a viagem realizada entre os dias 5 e 9 de fevereiro em conjunto com a InvestSP, a agência de promoção de investimentos do governo paulista.
“Apostamos muito nesse interesse, porque chamamos a atenção de grupos que trabalham com a construção e operação de metrôs na Europa. O fato de termos portfólio é importante, mostrar que temos mais projetos e estimular a procura desses projetos aqui no Brasil”.
Segundo o governador, o andamento de propostas que visem o enxugamento dos gastos propiciará o andamento da agenda. “Mostramos o que vamos fazer do ponto de vista fiscal em São Paulo. Vamos fazer um redesenho fiscal, com uma diminuição muito forte de despesas e custeios, e a liberação de espaço para investimentos”, defende Tarcísio.
“A gente se prepara para liberar espaço fiscal para ingressar nesses projetos de grande porte e aportar em projetos estruturantes, caros, e parcerias público-privadas”, diz ele. “Teremos muitas medidas de redução de despesas, em adição à reforma administrativa a que demos início no ano passado, para liberar espaço para entrar pesado nestes projetos de infraestrutura”.
Segundo o governador, as críticas por parte de servidores da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CPTM, fazem parte do jogo político — e justifica a concessão à iniciativa privada. “As linhas que vamos conceder da CPTM estão extremamente deterioradas. Temos uma empresa inchada, com 7 mil funcionários, que não tem capacidade de investimento e que a receita basicamente vira despesa com pessoal. É uma estatal dependente. Ao longo do tempo, se não fizermos nada, veremos a deterioração paulatina de um ativo até ele entrar em colapso”, projeta Tarcísio.
O governador terá uma reunião com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, nos próximos dias. Uma das pautas envolve o início dos estudos para o trem entre São Paulo e São José dos Campos, ligando São Paulo ao Vale do Paraíba. A linha entre Sorocaba e São Paulo deve ir para leilão ano que vem. Há também estudos para a fazer a ligação da capital para a Baixada Santista.