Um e-mail apócrifo começou a circular entre funcionários da Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, lotado de críticas ao presidente Jorge Viana e ao diretor de gestão, Floriano Pesaro. Segundo a carta, Pesaro — a quem alcunham de “diretor-viajante” —, “que nem deveria viajar, foi palestrar numa feira de óleo e gás no Texas, e seguiu para uma visita técnica ao EA Miami coincidentemente no final de semana do Grande Prêmio de Miami de Fórmula 1”. Segundo o e-mail, “as viagens dos colaboradores foram cortadas, capacitações no exterior foram vetadas, enquanto os diretores e seus gabinetes, que deveriam ficar em Brasília para tocar o dia a dia, viajam sem hora para voltar”.
A mensagem apócrifa diz ainda que, no inicio do ano, “após demitir todos os comissionados e deixar boa parte dos cargos vagos por um mês, a nova diretoria abriu um prazo para receber sugestões de revisão dos normativos. Iludidos, muitos enviaram análises profundas, que foram engavetadas juntamente com os processos seletivos para chefes de escritórios, tanto no Brasil quanto no exterior”.
O texto ainda relembra o fato de Viana não falar inglês — fato que deixou o presidente da agência na berlinda no início do ano. “O ano já começou com a mão bem visível do Estado no estatuto da agência, para que um político fluente em companheirês pudesse assumir a presidência de um órgão eminentemente internacional sem falar inglês. Esperamos que, após visitar orgulhosamente 27 países (e contando), o vovô viajante esteja ao menos no Intermediário 3”, ironiza o e-mail.
A própria relação entre Viana e Pesaro é questionada no email que circula na agência, que fala em “dois presidentes paralelos”. O texto aponta uma suposta incompatibilidade política entre os dois, classificando-os como “um petista raiz (Viana), com trinta anos de companheirismo, ao lado de um tucano (Pesaro) cristão-novo recém convertido ao socialismo, que votou pelo impeachment da presidente Dilma”. Procurada pela coluna, a Apex enviou o posicionamento que pode ser lido na íntegra a seguir.
“Primeiramente, é intrigante que uma publicação anônima possa servir de base para qualquer notícia. O conteúdo desse e-mail anônimo é agressivo, distante da realidade e, sem dúvida, fruto de descontentamento de alguns dentro de uma organização que possui uma equipe técnica excelente. A instituição vem realizando um trabalho exemplar neste ano, apesar da violenta intervenção enfrentada no governo anterior, que certamente deixou suas marcas.
A diretoria está confiante em seus esforços, respeitando seus colaboradores, corrigindo distorções herdadas da administração anterior e contribuindo para essa nova fase de crescimento nas exportações e para a melhoria da imagem internacional do Brasil.
Além desses pontos, é crucial destacar uma queixa expressada no citado e-mail anônimo, referente a um pedido de pagamento de abono salarial. Esclarecendo: não foi concedido aumento em 2019 e, logo após, veio a pandemia com manutenção dos salários. Assim, completaram-se mais dois anos sem correção. Para minimizar as perdas salariais, foram realizados pagamentos de dois abonos durante o citado período. Não faz sentido querer a continuidade de tal abono neste ano. Além disso, houve negociação com a associação dos servidores, correção salarial e melhorias na assistência social para toda a Agência.
A intenção da presente diretoria é seguir implementando melhorias salariais que os colaboradores merecem, mas fazê-lo em conformidade com os procedimentos adequados.”
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