A revolta de servidores da Apex com o presidente Jorge Viana
A gestão do ex-governador do Acre já acumula polêmicas, como desobrigação do inglês fluente e passagens aéreas para diretores
Servidores da ApexBrasil, ouvidos pelo Radar sob condição de anonimato, estão revoltados com os rumos da agência sob o comando do petista Jorge Viana, que assumiu o cargo em janeiro. Cortes repentinos no orçamento de ações de promoção internacional são o principal alvo da insatisfação. Empresários têm reclamado bastante da queda de qualidade dos estantes do Brasil em feiras no exterior, nos primeiros três meses do ano.
Internamente, também não faltam queixas. Há duas semanas, o Radar mostrou que o Conselho Deliberativo da Apex dois voos de ida e volta por mês para os integrantes da diretoria executiva, para o município de domicílio de cada um no momento da respectiva nomeação. Nos corredores da agência, a regalia pegou muito mal.
Nesta sexta, o jornal “O Estado de S.Paulo” revelou que Viana operou uma mudança no estatuto do órgão em benefício próprio ao eliminar a obrigatoriedade de inglês fluente para ocupar o cargo. O Conselho de Administração da ApexBrasil alterou as regras e manteve a obrigatoriedade de falar o idioma fluentemente apenas para os cargos relacionados às áreas de negócios.
Em nota, a Coordenação de Comunicação Social da agência afirmou que a mudança “buscou aprimorar a governança da agência”. “As novas regras trataram de realinhar as funções e competências da diretoria e de todos os cargos, depois de graves e sucessivas crises ao longo dos últimos anos”, acrescentou.
A assessoria da Apex disse ainda que o estatuto foi modificado arbitrariamente, em 2019, pelo então chanceler Ernesto Araújo, à revelia do Conselho de Administração, o que teria permitido “o aparelhamento da agência com indicação de quadros estranhos à missão de promover os negócios do Brasil no exterior”.
Sobre o currículo de Jorge Viana, que foi governador do Acre, prefeito e vice-presidente do Senado, o órgão afirmou que ele liderou dezenas de missões internacionais, inclusive nas Nações Unidas, e foi presidente do Conselho de Administração da Helibras, uma subsidiária da empresa francesa Airbus Helicopters. Sua nomeação seria, portanto, “um ganho para a imagem do Brasil no exterior”. “Ele ainda atua como professor no Mestrado de Gestão e Administração Pública do IDP”, concluiu a nota.
Questionado se Viana e Floriano Pesaro, diretor de Gestão Corporativa da agência que foi deputado federal e é ligado ao vice-presidente Geraldo Alckmin, falam inglês, a assessoria não respondeu até momento.