A ONG Avaaz foi impedida de veicular dois anúncios no aeroporto de Brasília, embora já tivesse acertado valores e locais de instalação dos banners. Não por acaso.
As peças, direcionadas aos deputados, apelavam para o voto em favor da admissibilidade da denúncia contra Michel Temer.
Um deles dizia que o “inverno chegou” para o presidente e alertava: “não deixem que ele chegue para vocês também”. O outro, mais pesado, traz uma foto de Temer com um texto acusatório embaixo: “O rei da noite da corrupção”.
O contrato de 25 000 reais previa a exposição por uma semana, a partir de segunda-feira, num ponto do embarque e outro no desembarque.
Ao receber os dois cartazes, a JCDecaux Brasil, encarregada de comercializar os espaços publicitários no terminal, voltou atrás e avisou à Avaaz que não poderia expor mensagens de cunho político.
O recado não foi formalizado por escrito, apenas por telefone. Relacionamento é dinheiro.
Para a Inframerica, consórcio que administra os aeroportos de Brasília e Natal, incomodar o comandante do governo responsável pelas concessões no país pode representar problemas no futuro.
O veto deixou a turma da Avaaz uma arara. A ONG lembra que o Netflix estampa no mesmo aeroporto propagandas da série “House of Cards”, carregadas de mensagens políticas.
“Eles podem nos calar ali, mas não podem deixar de ouvir a voz do povo nas redes sociais, nas ruas, ou na semana que vem, quando os brasileiros exigirão que Temer responda à Justiça como qualquer outro cidadão”, diz Diego Casaes, da Avaaz.
(Atualização: A Inframerica entrou em contato para informar que a decisão sobre a veiculação da campanha não passou por seu crivo e que tal incumbência cabe a uma empresa contratada).