As negociações entre Toyota, prefeitura e sindicato sobre fábrica no ABC
Montadora anunciou que irá encerrar atividades em São Bernardo do Campo; funcionários vão apresentar estudo que comprova rentabilidade da planta
Desde que a Toyota anunciou o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo (SP), no início de abril, a prefeitura e o Sindicato dos Metalúrgicos têm corrido contra o tempo para reverter a decisão.
Sob ameaça de greve, trabalhadores e o prefeito Orlando Morando (PSDB) se reuniram com a montadora e chegaram a um acordo — o sindicato apresentará um estudo comprovando que a planta é rentável e que não há motivo para o fim das atividades no município. O parecer preliminar foi apresentado na tarde desta terça-feira, inicialmente aos trabalhadores.
O que mais chocou tanto os 550 empregados atuais quanto o próprio poder público é o fato de que, até recentemente, a Toyota comemorava os bons resultados da unidade e discutia, inclusive, a possibilidade de começar a produção de um veículo elétrico. A unidade não fabrica veículos há mais de vinte anos, produzindo apenas peças, inclusive para abastecer a fábrica da Argentina.
“Não tem justificativa para se fechar uma planta que dá lucro. É um golpe da montadora contra a cidade. Não vamos aceitar nenhuma proposta que envolva pacote de benefícios para demissão ou para transferência dos funcionários para as outras cidades. Queremos e estamos discutindo a permanência da planta na cidade”, diz Morando.
Em nota, a Toyota diz que tomou a decisão de transferir a operação de São Bernardo para as cidades de Sorocaba e Indaiatuba, no interior do estado, para garantir “mais sinergia” entre as unidades produtivas. “O movimento faz parte do plano em busca de mais competitividade frente aos desafios do mercado brasileiro e da sustentabilidade dos negócios no país”, diz a montadora. A companhia diz, ainda, que todos os empregos dos funcionários de São Bernardo serão mantidos — o que implica que os colaboradores serão transferidos para outras cidades.
Caso concretizado, o fechamento da Toyota no ABC será a segunda grande baixa do setor automobilístico na cidade em pouco mais de três anos. Em 2019, a Ford deu início à desativação de toda a produção da planta, demitindo 600 funcionários.