A política no Ceará está em ebulição nesta semana com o surgimento de um áudio em que um deputado estadual do PL de Valdemar Costa Netto oferece dinheiro para cooptar um pré-candidato a vereador para o partido.
Na gravação de 15 minutos e 13 segundos, o deputado estadual Bruno Gonçalves revela ao pré-candidato a vereador de Fortaleza Maninho Palhano que a sua sigla, o PL, seria entregue ao prefeito da capital cearense, Roberto Claudio (PDT). O prefeito usaria o partido de aluguel para ampliar a força do seu grupo político nas eleições e, em troca, impulsionaria a candidatura à reeleição da mãe do deputado, a vereadora por Fortaleza Marta Gonçalves (PL).
Tudo é explicado em detalhes por Bruno Gonçalves na gravação. “Nós estamos numa negociação com o Roberto de entregar para ele o PL. Em contrapartida, ele montaria o partido para fazer três a quatro vereadores, onde só teria de mandato minha mãe, que seria uma das vagas, porque ela, sendo eleita, vira secretária de novo, porque ela na câmara dá muito trabalho a gente”, diz o deputado.
“O Roberto”, diz o deputado, “ficou de montar” o partido para as eleições. Por montar, leia-se entrar com o dinheiro. Dizendo atuar em nome do prefeito, o deputado oferece ao pré-candidato, que é suplente atualmente, quatro meses de mandato na Câmara, mais uma “estrutura” em dinheiro.
“Essa estrutura aqui é responsabilidade minha. Eu me responsabilizo por essa estrutura. Se não vier dele, vem de mim”, diz o deputado. “Ele (Roberto) diz: ‘Rapaz, ofereça pra ele, diga pra ele (o suplente) que antes de eu sair do meu mandato eu faço ele vereador quatro meses.’”, complementa.
O pré-candidato diz então que o valor da “estrutura” é pouco. E Bruno pergunta o que ele recebeu na última candidatura. Daí para frente a conversa avança em cifras que vão a 2,5 milhões de reais, que o deputado diz que pedirá ao prefeito na campanha.
A gravação é uma aula de como a política partidária ainda opera com práticas condenáveis, mesmo depois de um esquema semelhante nas eleições presidenciais ter sido revelado pela delação da J&F, que literalmente comprou partidos para compor as coligações de Dilma Rousseff e Aécio Neves.
O Ministério Público cearense abriu investigação sobre o caso. Faltam menos de quatro meses para a eleição.