Bispo do Xingu, Dom Erwin vê Lula longe da meta de desmate zero em 2030
Líder católico diz que não adianta investir em órgãos de fiscalização ambiental se o Congresso continuar ‘passando a boiada’

Bispo emérito do Xingu e ex-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), Dom Erwin Kräutler avalia que o governo Lula ainda não conseguiu reverter a situação de atraso no enfrentamento às mudanças climáticas e à devastação na Amazônia, afastando-o da meta de desmatamento zero até 2030.
Depois de Lula destacar, em sua mensagem ao Congresso Nacional, a atuação do Executivo na área do clima e meio ambiente, o eclesiasta afirmou que o prazo para zerar o desmate ilegal “é muito longo” e, se as derrubadas e queimadas continuarem até 2030 no mesmo ritmo de 2023, “milhões de hectares de floresta tropical serão varridos da face do planeta”.
“O fogaréu que se alastrou pela Amazônia (no ano passado) foi apocalíptico. Quem esteve em Altamira, Pará, na segunda quinzena de outubro e na primeira de novembro lembra com horror dessas semanas em que, além de calor extremamente forte, o povo foi condenado a respirar um ar poluído, tão nocivo à saúde especialmente de crianças, idosos e gestantes”, declarou Dom Erwin.
Para o bispo do Xingu, mesmo que o governo Lula aumente os recursos para o Ibama combater a derrubada ilegal da floresta, não haverá dinheiro suficiente para garantir a meta até 2030 se, no Congresso, prevalecer o espírito de “passar a boiada”.
“Se queremos chegar ao ‘desmatamento zero’, não pode existir uma derrubada ‘legal’ e outra ‘ilegal’. Derrubar ou queimar a floresta é ‘crime ambiental’ a ser punido severamente por sanções penais e administrativas”, defende o austríaco.