Bolsonaro ajudou milícias digitais e hackers ao vazar dados, diz Barroso
O minsitro do TSE criticou o presidente durante discurso na abertura do ano judiciário da Justiça Eleitoral
Presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso iniciou a sessão de abertura do ano na Justiça Eleitoral com um discurso em que criticou diretamente o presidente Jair Bolsonaro por ter vazado dados sigilosos que, segundo ele, auxiliam milícias digitais e hackers de todo o mundo.
Bolsonaro é investigado no STF, a pedido do TSE, por ter divulgado em julho do ano passado, em uma live na internet, um inquérito sigiloso de um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral. Na semana passada, o presidente faltou ao depoimento determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, que atua nas duas Cortes.
Barroso falava sobre a preparação para as eleições desse ano quanto citou o trabalho da comissão e do observatório da transparência, criados no ano passado, e disse ter recebido inúmeras consultas, indagações e sugestões. Ele ressaltou que os integrantes dos grupos concordaram em manter os debates e pleitos sob sigilo, até a divulgação do relatório final.
“E nós, confiamos, porque precisamos confiar, na integridade dos membros para cumprirem a palavra de manterem sob reserva as nossas conversas, para que não haja vazamentos indevidos. Sobretudo em matéria de cibersegurança, o sigilo é imprescindível, por motivos óbvios”, afirmou o presidente do TSE.
“Ninguém fornece informações que possam facilitar ataques invasões e outros comportamentos delituosos. Tudo aqui é transparente, mas sem ingenuidades. Sempre lembrando que informações sigilosas que foram fornecidas à Polícia Federal para auxiliar uma investigação foram vazadas pelo próprio presidente da República em redes sociais, divulgando dados que auxiliam milícias digitais e hackers de todo mundo que queiram invadir nossos equipamentos”, declarou Barroso.
“O presidente da República vazou a estrutura interna da TI [tecnologia da informação] do Tribunal Superior Eleitoral. Tivemos que tomar uma série de providências de reforço da segurança cibernética dos nossos sistemas para nos protegermos. Faltam adjetivos para qualificar a atitude deliberada de facilitar a exposição do processo eleitoral brasileiro a ataques de criminosos”, acrescentou o ministro.
No início da sua fala, Barroso também exaltou a importância do trabalho da imprensa profissional no “mundo da pós-verdade e dos fatos alternativos”.
O chefe do tribunal também destacou o avanço da vacinação da população contra o Covid-19, “mesmo contra as forças contrárias e as narrativas sem amparo científico” — um recado indireto a Bolsonaro e sua turma.