Depois do golpe, o contragolpe. Uma reunião entre Antonio de Rueda e Elmar Nascimento, do União Brasil, e Gilberto Kassab e Antonio Brito, do PSD, selou uma aliança na disputa pela sucessão de Arthur Lira na presidência da Câmara para resistir a Hugo Motta, do Republicanos, e definiu a estratégia para, em fevereiro de 2025, superá-lo: apostar na polarização entre o PT de Lula e o PL de Jair Bolsonaro.
Reunidos em São Paulo na quarta-feira à noite – à exceção de Brito, que participou por telefone – , os recém-aliados avaliaram que Motta formou um “bloco de oposição” com o PP de Ciro Nogueira, ex-ministro de Bolsonaro, e o PL, somando 186 deputados. Do outro lado, estariam partidos da base governista: além de União Brasil e PSD, legendas como MDB, PSB, PDT e Avante – cerca de 200 deputados.
Ao traçar esse cenário, os caciques do União Brasil e do PSD concluíram que o PT, em sua federação com PCdoB e PV, tornou-se agora o fiel da balança da eleição à presidência da Câmara.
Diante dessa análise, Elmar e Kassab passaram a fazer chegar ao Palácio do Planalto algumas provocações: de que lado o governo Lula acha que Republicanos, PP e PL estarão nas eleições de 2026? O PT vai preferir embarcar em um grupo com digitais bolsonaristas ou se integrar a uma aliança só com partidos da base governista? Cadê o consenso que Marcos Pereira prometeu ao lançar Hugo Motta?
A interlocutores, Elmar Nascimento tem dito que, depois da aliança com o PSD, vai ficar em compasso de espera. Para o líder do União Brasil, a análise de cenário polarizado coloca o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no comando do processo eleitoral que vai definir a sucessão de Arthur Lira na Câmara.
Diante dos recados enviados ao Planalto, avalia Elmar em conversas com aliados, o governo deu um passo atrás do aval à candidatura de Motta. O baiano confia em uma atração gradual de Lula e do PT – e conta com os mais de cinco meses até 1º de fevereiro de 2025 a seu favor.