Elcio Queiroz fecha delação premiada sobre homicídio de Marielle, diz Dino
Segundo o ministro, o ex-PM deu detalhes da execução da vereadora e confirmou a participação de Ronnie Lessa e de um ex-bombeiro, preso nesta segunda
O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou há pouco, em entrevista coletiva, que o ex-policial militar Elcio Queiroz fechou uma delação premiada sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que levou à prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa nesta segunda-feira.
“Essa delação foi já homologada judicialmente e resultou na operação de hoje, no Rio de Janeiro. O senhor Elcio revelou a participação de um terceiro indivíduo, que é exatamente o senhor Maxwell, e confirmou a participação dele próprio e do Ronnie Lessa. Com isso, nós temos, sob a ótica da Polícia Federal e dos demais participantes da investigação, a conclusão, o fechamento de uma fase da investigação, com a confirmação de tudo o que aconteceu na execução do crime”, afirmou Dino.
Ele explicou que dúvidas sobre certos detalhes da investigação foram removidas a partir da delação de Elcio, que foi preso no mesmo dia que Ronnie Lessa, em 12 de março de 2019 — os dois aguardam julgamento. Isso porque, segundo o ministro, houve convergência entre a narrativa do ex-PM em relação a outros aspectos que já se encontravam de posse da polícia.
Dino afirmou ainda que Elcio Queiroz também apontou “outras pessoas como copartícipes desse evento criminoso no Rio de Janeiro”.
“A partir daí, claro, as instituições envolvidas terão os elementos necessários ao prosseguimento da investigação. Não há, de forma alguma, a afirmação de que a investigação se acha concluída, pelo contrário. O que acontece é que há um avanço, uma espécie de mudança de patamar da investigação. A investigação agora se conclui em relação ao patamar da execução e há elementos para um novo patamar, a identificação dos mandantes do crime”, declarou.
“Naturalmente há aspectos que ainda estão em investigação, em segredo de Justiça. O certo é que, nas próximas semanas, provavelmente haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas que foi colhido no dia de hoje”, complementou o ministro.
Maxwell já havia sido preso no dia 10 de junho de 2020, por suspeita de ser o braço direito de Ronnie Lessa, que é policial militar reformado do Rio. De acordo com o MP-RJ, o ex-bombeiro (que foi expulso da corporação) ajudou a sumir com as armas usadas no crime, que foram jogadas no mar. Em fevereiro de 2021, ele foi condenado por obstrução de Justiça a quatro anos de prisão, mas foi autorizado a cumprir a pena em regime aberto, com prestação de serviços à comunidade.
Segundo Flávio Dino, a delação de Queiroz revelou que o ex-bombeiro também desempenhou papel de “campana”, monitorando a rotina de Marielle Franco como preparação para o assassinato. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, acrescentou que Maxwell foi responsável por “picar” o carro usado para armazenar as armas do crime, ou seja, desmontá-lo e se desfazer das partes para ocultar provas.
O acordo de delação premiada está sob sigilo de Justiça, mas o ministro afirmou a jornalistas que Elcio Queiroz permanecerá preso em regime fechado, e que os termos incluem medidas de segurança devido à “sensibilidade” do caso.