O juiz Renato Borelli, que ordenou a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, apontou em nova decisão desta quinta-feira que foi possível verificar eventual conhecimento das apurações da Operação Acesso Pago, “com contornos de interferência”.
Diante da possível presença de ocupante de cargo com foro privilegiado — o MPF acusa Jair Bolsonaro diretamente de ter atuado para ajudar o ex-ministro –, o magistrado resolveu encaminhar os autos ao STF, com prevenção para o inquérito relatado no Supremo pela ministra Cármen Lúcia, que em maio redistribuiu o processo à Justiça Federal do Distrito Federal.
Após a decisão do desembargador Ney Bello de revogar a prisão de Ribeiro e dos outros quatro investigados detidos na quarta-feira, o Ministério Público Federal apresentou manifestação pedindo a remessa de parte do material coletado nas investigações ao STF, mas o juiz determinou que a íntegra dos autos fosse encaminhada à Corte.
No despacho, o juiz da 15ª Vara reproduziu trechos de três conversas de Ribeiro com outras pessoas registradas por interceptações telefônicas. Em uma delas, o ex-ministro declara que “ele acha que vão fazer uma busca e apreensão”, sem especificar de quem falava.
Veja as transcrições a seguir:
Com Waldomiro (terceiro)
MILTON: Tudo caminhando, tudo caminhando. Agora… tem que aguardar né…. alguns assuntos tão sendo resolvidos pela misericórdia divina né…negócio da arma, resolveu… aquele… aquela mentira que eles falavam… que os ônibus estavam superfaturados no FNDE… pra… (ininteligível) também… agora vai faltar o assunto dos
pastores, né? Mas eu acho assim, que o assunto dos pastores… é uma coisa que eu tenho receio um pouco é de… o processo… fazer aquele negócio de busca e apreensão, entendeu?
Com Adolfo (terceiro, registro feito aos :00:02:45)
MILTON: (…) mas algumas coisas já foram resolvidas né… acusação de que houve superfaturamento… isso já foi… agora, ainda resta o assunto do envolvimento dos pastores, mas eu creio que, no devido tempo, vão ser esclarecidos….
Em conversa com familiar (terceiro)
MILTON: Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? se houver indícios né…