Após seu discurso na abertura da força-tarefa para a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, Lula improvisou uma fala em que pediu aos dirigentes do G20 atenção aos pobres e criação de oportunidades “àqueles que não conseguem chegar perto dos palácios”. O presidente finalizou a manifestação com a voz embargada e admitindo que se emocionou “porque a fome não é uma coisa natural”.
“Muito dinheiro na mão de poucos simboliza miséria, simboliza prostituição, simboliza analfabetismo, simboliza empobrecimento e simboliza fome. Agora, ao contrário, pouco dinheiro na mão de muitos significa exatamente o contrário. Significa sociedade próspera, sociedade com emprego, sociedade consumindo e sociedade vivendo decência ética imprescindível para a sobrevivência humana”, disse Lula após ler seu discurso nesta quarta-feira.
“Eu quando eu falo isso fico emocionado porque a fome não é uma coisa natural. A fome é uma coisa que exige decisão política. Nós governantes não podemos olhar o tempo inteiro só para quem está perto de nós. É preciso que a gente consiga fazer uma radiografia daqueles que estão distantes. Àqueles que não conseguem chegar perto dos palácios, àqueles que não conseguem chegar perto de ministros, àqueles que não conseguem chegar perto de uma escola, àqueles que são vítimas de preconceito todo o santo dia”, seguiu o presidente brasileiro.
“Essa gente precisa ser olhada e não é possível que na metade do século XXI, quando a gente está discutindo até inteligência artificial, sem conseguir consumir a inteligência natural que todos nós temos, a gente ainda seja obrigado a fazer uma discussão, dizendo para os nossos dirigentes políticos do mundo inteiro. ‘Por favor, olhe os pobres porque eles são seres humanos, eles são gente e eles querem ter oportunidade’”, completou.