O Centro da Indústria, Comércio e Serviços, de Bento Gonçalves, onde foram encontrados cerca de 200 trabalhadores baianos em situação análoga à escravidão, publicou nota em que relaciona o crime à população inativa, que sobrevive por meio de programas sociais. A entidade reclama de “carência de mão de obra às empresas” da Serra Gaúcha.
“Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade”, disse a associação, em nota.
Após a denúncia de três trabalhadores, que procuraram a Polícia Rodoviária Federal em Caxias do Sul, também na Serra Gaúcha, uma investigação descobriu que as empresas Fênix Serviços e Oliveira & Santana mantinham centenas de homens em uma pousada, em Bento Gonçalves. No alojamento, os trabalhadores eram monitorados por câmeras, alimentados com comida estragada e submetidos a choques, espancamentos e spray de pimenta.
Por meio da empresa terceirizada, os trabalhadores prestavam serviço às vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi. Após a investida do Ministério Público do Trabalho, 196 trabalhadores foram resgatados e retornaram à Bahia.
O governador Eduardo Leite anunciou nesta terça que uma investigação interna apura se houve facilitação de policiais militares do Rio Grande do Sul na exploração dos trabalhadores. Leite informou ainda que se reunirá com o secretariado para discutir ações do governo em relação ao crime.
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