Quem é Silvinei Vasques, ex-chefe da PRF preso nesta quarta
O ex-diretor-geral da corporação é réu por improbidade administrativa por ter declarado apoio à reeleição de Bolsonaro às vésperas da eleição do ano passado
Preso nesta quarta em operação da PF que investiga o uso da máquina do governo Jair Bolsonaro para interferir na votação do segundo turno das eleições do ano passado, o ex-diretor-geral da PRF Silvinei Vasques tem um currículo repleto de polêmicas.
Nascido no Paraná e radicado em Santa Catarina, Vasques chefiou a Polícia Rodoviária Federal de abril de 2021 a dezembro de 2022, quando foi exonerado e recebeu do governo aposentadoria “com proventos integrais e paridade correspondentes ao subsídio do cargo efetivo”, aos 47 anos.
No fim de novembro, ele se tornou réu por improbidade administrativa, por ter dado declarações de apoio à reeleição de Bolsonaro em entrevistas e nas redes sociais, às vésperas da eleição. O juiz José Arthur Diniz Borges, da 8ª Vara Federal do Rio de Janeiro, acatou pedido feito em ação civil pública movida pelo MPF, que diz que o diretor fez uso do seu cargo e de recursos do erário para interesses pessoais, a fim de beneficiar a candidatura do ex-presidente.
Indicado por Bolsonaro e próximo de seus filhos, Vasques passou a ser investigado também pelos bloqueios promovidos pela PRF no segundo turno das eleições que prejudicaram a ida de eleitores, sobretudo os de Lula, aos locais de votação.
Em abril deste ano, dados sobre a atuação da corporação em 30 de outubro de 2022, divulgados após a CGU retirar o sigilo imposto pela gestão anterior sobre as informações, mostraram concentração “atípica” de operações na região Nordeste. Segundo uma tabela apresentada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, 324 ônibus foram paralisados em estradas no Nordeste, o que representa cerca de 46% do total de veículos abordados em todo o país, 696. As demais regiões, juntas, tiveram 372 veículos parados.
No último dia 20 de junho, Vasques foi o primeiro depoente ouvido na CPMI do 8 de Janeiro e negou que a PRF tenha atuado para interferir no dia do segundo turno da eleição, afirmando que tais questionamentos são “a maior injustiça” da história da corporação.
Ao longo dos seus 27 anos na ativa como policial rodoviário federal, Vasques também colecionou alguns percalços. A CNN Brasil revelou que ele respondeu a oito processos de sindicâncias internas durante sua carreira, nos quais foi absolvido ou os casos prescreveram. Em um deles, foi alvo de denúncia de suposto pagamento de propina por parte de “guincheiros” em Santa Catarina, antes de 1997. Em outro, teria agredido com socos e chutes um frentista em Goiás, no ano 2000 — o que ele nega.