Sabotado por Lula, Fernando Haddad enfrenta a velha e boa fritura petista
Há 45 dias, o ministro era um importante quadro petista, escalado para Fazenda para tentar refazer o caminho de FHC até o Planalto, mas tudo mudou
Os blogs sujos petistas estão de volta e, que ironia, escolheram como primeiro alvo das notícias “apuradas” justamente um petista: Fernando Haddad.
O chefe da Fazenda vive hoje uma desconstrução arquitetada por gente do petismo que deseja seu cargo e sua influência para ditar a política econômica. Nesta terça, Haddad apanhou sem dó da imprensa “progressista” por, nas palavras deles, “tratar com moderação Roberto Campos Neto e o Banco Central”.
O petismo radical, espécie de vertente do que foi a ala ideológica do bolsonarismo no Planalto, não quer dialogar com Campos Neto. Ataca a instituição autônoma com ímpeto para aparelhar o órgão como nos velhos tempos. Nessa disputa, quem simplesmente se dispõe a conversar para encontrar soluções — caso de Haddad — vira inimigo da causa.
Haddad, na versão do petismo radical, expõe Lula por não bater em Campos Neto. A postura do presidente, que decidiu partir para a briga com o chefe de uma instituição autônoma, implode a promessa de pacificação e de diálogo vendida na campanha eleitoral. Lula não é pacifista. Quando encontra um obstáculo aos seus objetivos, desqualifica, rotula e atira o suposto “adversário” aos leões das redes sociais. O petismo nas redes, aliás, atua como atuava o gabinete do ódio bolsonarista.
A autonomia do BC é, para o petismo, o que era o comunismo para o bolsonarismo. Haddad, nessa tocada, é sabotado por companheiros com Aloizio Mercadante e Gleisi Hoffmann. Vive seu pior momento. Há 45 dias, era um importante quadro petista, escalado para Fazenda para tentar refazer o caminho de FHC até o Planalto. Se a economia fosse bem, ele seria o nome para substituir Lula.
A coisa toda já desmoronou. Lula, que não queria outro mandato, agora diz que pode disputar novamente. Haddad tornou-se voz mais fraca do que Mercadante no BNDES e de Gleisi no comando do partido. Lula dá ouvidos aos aliados de esquerda enquanto permite os ataques a Haddad, hoje muito mais próximo de Simone Tebet do que do chefe do Planalto nas posições de moderação. E o Carnaval ainda nem passou.