Servidores pressionam senadores para derrubar extinção da Funasa
Sob suspeita de desvios bilionários, órgão foi fechado por medida provisória, mas funcionários dizem que não foram ouvidos
Uma audiência pública ocorreu nesta quarta-feira na Comissão de Infraestrutura do Senado para discutir a extinção da Funasa. Após debate no Gabinete de Transição, o governo publicou, logo no segundo dia do ano, uma Medida Provisória, que extingue a Funasa. O Radar mostrou como o órgão foi usado para captar bilhões de reais em obras que nunca foram nem mesmo projetadas.
No entanto, servidores alegam que regiões carentes do país ficariam desassistidas com a extinção do órgão. Apesar dos apontamentos da Controladoria Geral da União, a Funasa é responsável pela construção de redes de água e esgoto nos rincões do país, fator fundamental para prevenção de doenças.
A fala da superintendente em exercício da Funasa em Pernambuco, Helena Magalhães Porto Lira, expôs as preocupações dos servidores. Ela diz que extinguir o órgão foi uma decisão “tomada dentro de gabinetes” pela equipe de transição, que dividiu o saneamento entre as pastas da Saúde e das Cidades.
“Desde aquela época o saneamento não estava contemplado. Tão importante que é, a política de saneamento não foi contemplada na transição”, disse.
Ela também lamentou a forma como os servidores devem ser realocados, a partir de 6 de abril, e criticou a falta de diálogo com os funcionários do órgão para a tomada de decisão.
“Nós não tivemos espaço de conversa, nós não fomos ouvidos, nós não fomos consultados, nós não fomos respeitados”, avaliou. “Foi dito aos colegas que a gente não vai ter os 30 dias de praxe de uma distribuição, nós vamos ter que arrumar a gaveta e sair correndo, como se párias fossemos”, seguiu.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) aderiu às críticas à MP, que classificou como “irresponsável”. Soraya Thronicke (União-MS) também fez questionamentos sobre a extinção do órgão, na audiência da comissão presidida por Confúcio de Moura (MDB-RO).