Ianomâmis vão enviar versão alternativa da estatueta do Oscar a vencedores
Criada pela agência DM9, a campanha "O custo do ouro" quer chamar a atenção para a crise humanitária do povo indígena provocada pelo garimpo ilegal
Indígenas do povo Ianomâmi criaram uma versão alternativa da estatueta do Oscar, que não utiliza o ouro como matéria-prima e tem o formato da divindade Omama. O objeto será enviado aos vencedores da maior premiação do cinema mundial.
A ação faz parte de uma campanha criada pela agência DM9 que tem como objetivo chamar a atenção global para a crise humanitária do povo indígena provocada pelo garimpo ilegal, batizada de “O custo do ouro”.
Antes de os premiados receberem a estatueta, os 20 atores indicados ao Oscar de 2023, que será realizado neste domingo, receberão pelas redes sociais um recado em vídeo de Junior Hekurari Yanomami, líder da Urihi Associação Yanomami.
Os destinatários da iniciativa serão Austin Butler, Bill Nighy, Brendan Fraser, Colin Farrell e Paul Mescal, que concorrem a melhor ator; Ana de Armas, Andrea Riseborough, Cate Blanchett, Michelle Williams e Michelle Yeoh, que disputam o prêmio de melhor atriz; Barry Keoghan, Brian Tyree Henry, Brendan Gleeson, Judd Hirsch, Ke Huy Quan; indicados a melhor ator coadjuvante; e Angela Bassett, Hong Chau, Jamie Lee Curtis, Kerry Condon e Stephanie Hsu; candidatas a melhor atriz coadjuvante.
A campanha também vai conduzir os artistas e o público a uma calculadora digital, que mostra o impacto social e natural de cada grama de ouro ilegal para a Floresta Amazônica e o povo Ianomâmi. “Na sua cultura, ouro significa sucesso. Para o meu povo, para a floresta e as criaturas que ainda restam na Amazônia, significa morte e destruição”, diz Junior.
Em 2021, 54% do ouro comercializado no Brasil tinha indícios de ilegalidade em sua origem. Nos últimos anos, a exploração ilegal se intensificou nas Terra Indígena Yanomami, causando a contaminação de rios e peixes por mercúrio, desmatamento da floresta e forte impacto social sobre a população indígena, o que levou a uma tragédia humanitária, ignorada pelas autoridades até recentemente.
“Todos os participantes dessa premiação podem e já ajudaram muitas vezes a moldar o comportamento do mundo. Eles precisam saber qual é o custo real do ouro ilegal e ajudar a espalhar essa mensagem, para que possamos ver mudanças”, completa o líder indígena.