A ONU já não era grande coisa. Agora esculhambou de vez. A única coisa boa disso é ver o Arnaldo Jabor feliz na televisão — se os inimigos da nova ordem global não estiverem sob bombardeio, ele fica abúlico, fala mal do Bush e anuncia o apocalipse!
Olhem aqui: as forças de Laurent Gbagbo, presidente de fato da Costa do Marfim, um facínora que se nega a sair do poder, foram bombardeadas ontem pela… ONU!!! Objetivo? Fazer o que for possível, como no caso da Líbia, para “proteger civis”. Até se poderá dizer que a situação é um pouquinho diferente. Gbagbo perdeu as eleições para o facínora da oposição, Alassane Ouattara, e deveria ter deixado o poder em dezembro, mas se nega. Na Líbia, ninguém foi eleito, né? Nem Kadafi nem seus adversários.
Quattara fez o quê? Pressão internacional, mobilização, denúncia à ONU? Não! Armou suas milícias e foi à luta. Até aí, dirá o leitor crédulo, tudo para defender a democracia. Só que foi massacrando civis pelo caminho, partidários de Gbagbo, que também massacra os civis adversários, entendem?
Aí a ONU foi lá “proteger civis”, e os capacetes azuis mandaram bomba nos facínoras de Gbagbo, abrindo caminho para os facínoras de Quattara. E foram os franceses que mais gostosamente botaram pra quebrar — sob o mandato das Nações Unidas, eles destacam. Sarkozy deve estar, assim, com um certo banzo dos gloriosos tempos da Argélia, quando a França explicava por A + B quanto valia o Iluminismo… Saibam que boa parte das modernas táticas de tortura em interrogatório foi desenvolvida por franceses , testando-as em argelinos, enquanto os torturadores cantavam A Marselhesa, aquele banco de sangue em versos… A propósito: a Costa do Marfim era colônia francesa: “Deixa com a gente!”
Não dá! A ONU, agora, passou a ser uma força de intervenção em guerras civis. “Ué, mas ela não manda tropas sempre que necessário?” Sim, mas não para fazer o que está fazendo na Líbia ou na Costa do Marfim, apoiando, nos dois casos, um dos lados, também dado a matar os civis que a entidade deveria proteger. A própria Unicef, órgão da ONU, acusa os dois rivais de usarem até crianças nos combates. Mas Barack Obama, o Magnífico, e Sarkozu, megalonanico da França, em nome daz paz, escolheram o seu bandido de estimação.