Oferta Consumidor: 4 revistas pelo preço de uma
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

ANTISSEMITISMO – Documento que embasou pedido absurdo vem à luz; as coisas pioraram bastante; reitor e pró-reitor têm de renunciar. Cadê Janine, o professor de Ética? Ou: A “burritisia” nacional

A Universidade Federal de Santa Maria tornou público o documento em que se baseou José Fernando Schlosser, pró-reitor de pós-graduação da instituição, para enviar um memorando cobrando informações, em caráter de “urgência”, sobre a “presença (sic) de discentes e/ou docentes israelenses neste programa de pós-graduação”. A divulgação do documento torna tudo muito pior. Se o […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 01h13 - Publicado em 4 jun 2015, 18h23

A Universidade Federal de Santa Maria tornou público o documento em que se baseou José Fernando Schlosser, pró-reitor de pós-graduação da instituição, para enviar um memorando cobrando informações, em caráter de “urgência”, sobre a “presença (sic) de discentes e/ou docentes israelenses neste programa de pós-graduação”. A divulgação do documento torna tudo muito pior.

Se o reitor Paulo Afonso Burmann achava que poderia sair pela tangente nessa história, a reivindicação feita por entidades sindicais ligadas à universidade e por um certo Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino torna tudo pior, dada a delinquência política e intelectual em que é vazado o documento. Leiam (se preciso, cliquem na imagem para ampliá-la).

UFSM-1UFSM-2UFSM-3

Como se nota, os postulantes transformam Israel num estado criminoso e partem do princípio de que o Brasil não mantém relações diplomáticas com o país. A sua avaliação sobre o conflito israelo-palestino é marcadamente ideológica. Pior: apela a um legalismo tosco para, ao fim e ao cabo, propor um ato claramente discriminatório, conforme se lê no item 4 do documento:

“Há, no momento, ou a perspectiva, de [NR: MANTIVE A PONTUAÇÃO ANALFABETA DO ORIGINAL] a UFSM receber alunos/professores/autoridades/profissionais israelenses? Se positivo, a convite/proposta de quem?”

Observem que não se mira uma campanha persecutória apenas contra os israelenses, mas também contra quem os convidou.

Continua após a publicidade

Burmann pretende se escudar na Lei de Acesso à Informação para justificar o pedido. É uma tentativa de enrolar o público. Sim, a lei existe. Uma autoridade não é obrigada a fornecer informações se julgar o pedido improcedente, a menos que o solicitante obtenha na Justiça uma ordem para a divulgação dos dados. Considerando os prolegômenos da petição, duvido que algum juiz autorizasse tal coisa. E, se o fizesse, seria o caso de apelar ao Conselho Nacional de Justiça.

O Conselho Universitário e o Ministério da Educação têm de entrar em ação. Reitor e pró-reitor têm de deixar imediatamente os cargos de confiança que ocupam, sem prejuízo de demais órgãos competentes tomarem as devidas medidas legais.

Um dos muitos aspectos nojentos do documento é sua tentativa malsucedida de esconder o preconceito, a discriminação e a perseguição política numa linguagem supostamente decorosa. Será que as tais entidades que assinam esse lixo se lembram de que a Constituição da República Federativa do Brasil repudia o terrorismo no Inciso VIII do Artigo 4º? Quem é governo na Faixa de Gaza, onde teria ocorrido o suposto “massacre”? A que prática recorre o Hamas?

É fácil entender: caberia, agora, aos que discordam desse absurdo enviar uma petição à UFSM, ancorando-se no Artigo 4º, para cobrar uma lista de todos os alunos e professores que tenham eventuais ligações com países árabes?

Continua após a publicidade

Não! O que se deu na universidade é intolerável e tem de ter consequências administrativas e penais, com base na mesma Constituição evocada para fazer aquela solicitação. A propósito: cadê a determinação judicial para que aqueles dados fossem divulgados?

Quem é?
O caso despertou em mim outras curiosidades. Quem integra o tal “Comitê Santamariense de Solidariedade ao Povo Palestino”? Quais são suas atividades regulares? Quem financia o grupo? Qual é a sua pauta? Que interferência tem na UFSM? Há membros do corpo discente e docente envolvidos com essa entidade?

Doze anos de poder petista transformaram as universidades federais em antros de militância política. O encadeamento do raciocínio que sustenta o documento busca transformar a perseguição num ato humanista.

“Burritsia” nacional
Mundo afora, as universidades concentram a “intelligentsia” dos respectivos países. A nossa reúne a “burritsia”. Na estupidez sem limites em que se ancora o texto, a gente lê que “a atual (sic) política externa brasileira se baseia no tripé democracia, desenvolvimento e descolonização”.

Continua após a publicidade

Como??? ATUAL? O chamado discurso dos “Três Ds” — nesta ordem: democracia, descolonização e desenvolvimento — foi pronunciado na Assembleia Geral das Nações Unidas por um brasileiro em 1963 — HÁ CINQUENTA E DOIS ANOS, PORTANTO! Quando a África e parte considerável da Ásia ainda abrigavam colônias. Quem fez tal defesa foi o chanceler João Augusto de Araújo Castro.

Afirmar que, ainda hoje, a “descolonização” é uma prioridade da política externa é coisa de gente que tem os dois pés no chão e as duas mãos também… Onde estão as colônias? Pior: tratar os palestinos como um povo sob ação colonial é de uma delinquência intelectual e moral sem-par. Se israelenses são colonizadores, onde fica a matriz? Eu não tenho dúvida de que essa gente responderia: “Nova York”! Tal consideração, embora não pareça, reflete a opinião de quem é contra a existência do próprio estado de Israel.

Cadê o senhor Renato Janine Ribeiro, ministro da Educação e professor de ética? Cadê o Ministério Público? Cadê a Secretaria Nacional de Direitos Humanos?

Os humanistas no geral e os judeus, em particular, não podem deixar isso barato. Ainda que os tais convênios secretos existissem — acusação típica de mentes paranoicas —, por que estudantes e professores israelenses deveriam, por isso, merecer alguma forma de tratamento especial? Ainda que Israel fosse o que dizem esses celerados, por que cidadãos daquele país deveriam ser expostos a alguma forma de restrição ou molestamento? Porque são judeus ou porque são israelenses?

Continua após a publicidade

Existe boa resposta para isso, reitor Burmann?

Existe boa resposta para isso, professor Schlosser?

Tenho uma recomendação a ambos: renunciem aos respectivos cargos, ainda que permaneçam, por enquanto, como professores da universidade. Vocês perderam a autoridade moral de ocupar suas cadeiras, na hipótese de que a tenham tido algum dia.

Cadê Janine? Espero que ele não se esconda na “autonomia universitária”, ou terei de considerar que as universidades brasileiras são livres para praticar antissemitismo e para violar a Constituição.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SEMANA DO CONSUMIDOR

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas R$ 5,99/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.