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Dilma dá sinais crescentes de alheamento da realidade e volta àquela cascata de que apurar lambanças na Petrobras corresponde a atuar contra a empresa

A presidente Dilma Rousseff dá sinais crescentes de alheamento da realidade. E as coisas sempre pioram depois que ela se encontra com Lula, como aconteceu no fim da semana que passou. A revista VEJA traz uma bomba: Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, que está preso, concede uma entrevista em que conta parte do […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h18 - Publicado em 11 ago 2014, 06h38
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  • A presidente Dilma Rousseff dá sinais crescentes de alheamento da realidade. E as coisas sempre pioram depois que ela se encontra com Lula, como aconteceu no fim da semana que passou. A revista VEJA traz uma bomba: Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, que está preso, concede uma entrevista em que conta parte do que viu. Ela é hoje uma das principais testemunhas da chamada Operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal. Segundo Meire, a estatal era usada para abastecer um sistema criminoso de lavagem de dinheiro que envolvia políticos, empreiteiros e funcionários da empresa.

    Muito bem! Dilma concedeu uma entrevista coletiva neste domingo no Palácio da Alvorada. Era a candidata falando, não a presidente. Segundo informa VEJA.com, afirmou: “Se tem uma coisa que a gente tem de preservar, porque tem que ter sentido de Estado, de nação e de país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Isso não é correto, não mostra nenhuma maturidade. Eu acho fundamental que, na eleição e nesse processo que nós estamos, haja a maior e mais livre discussão. Agora, utilizar qualquer factoide político para comprometer uma grande empresa e sua direção é muito perigoso”.

    Factoide político? Qual factoide? Meire Poza é uma das principais testemunhas — e ela confessa ter também praticado ilegalidades para o grupo — de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça. Dilma repete, agora em linguagem infelizmente um pouco mais compreensível — sempre é pior quando a gente entende o que ela fala —, as bobagens que disse a respeito da Petrobras na sabatina de que participou na CNA (Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil). Para ela, investigar as lambanças na estatal corresponde a prejudicá-la.

    Errado! É justamente o contrário. Prejudicaram a empresa, senhora candidata, aqueles que a levaram a um prejuízo bilionário com um negócio desastroso: os seus aliados. Prejudicaram a empresa aqueles que usaram a tarifa de gasolina para conter a inflação em razão de uma política econômica desastrosa — nesse caso, o seu governo e a senhora, pessoalmente. Prejudicaram a empresa aqueles que a usaram e a usam para distribuir prebendas políticas, com o objetivo de manter unida a chamada “base aliada”.

    A candidata Dilma decidiu ainda ser pauteira da imprensa. Referindo-se à proposta do tucano Aécio Neves e do peessebista Eduardo Campos de reduzir ministérios — há, no Brasil, 39 pastas; deve ser recorde no mundo —, ela afirmou: “Eu posso pedir uma coisa a vocês? Perguntem qual ministério eles vão reduzir”. Avançou: “Esse formato [39 ministérios] responde a um momento histórico do Brasil. O momento histórico mudando, eu mudo (…)”. Ah, bom… Num ato falho, disse: “Alguns deles vão evoluir e poder até não ser ministério”. Vale dizer: Dilma reconhece que evoluir, nesse caso, significa cortar ministérios. Mas ela promete deixar tudo como está. Ou seja: é a não evolução.

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