E a gigante EMS, hein? Vai continuar muda? Queria com a Labogen do doleiro exatamente o quê? Ou: Um clássico que vem lá dos tempos de PC Farias!
A EMS, a gigante do setor farmacêutico, deve estar comemorando o nosso, dos jornalistas, temperamento colaborativo, não é mesmo? Eu estou enganado ou o laboratório-lavanderia Labogen havia celebrado um acordo com a empresa para o fornecimento de remédios ao Ministério da Saúde? Quem, de fato, iria fornecer o citrato de sildenafila, o genérico do Viagra, […]
A EMS, a gigante do setor farmacêutico, deve estar comemorando o nosso, dos jornalistas, temperamento colaborativo, não é mesmo? Eu estou enganado ou o laboratório-lavanderia Labogen havia celebrado um acordo com a empresa para o fornecimento de remédios ao Ministério da Saúde?
Quem, de fato, iria fornecer o citrato de sildenafila, o genérico do Viagra, para o ministério? Que eu saiba, seria a EMS. Por que um laboratório com um faturamento anual de R$ 5,3 bilhões precisa de uma cabeça de porco com folha de pagamentos de R$ 28 mil — isso na hipótese de que tenha existência real?
Se eu, Reinaldo, propuser um negocinho à EMS, mesmo sem ser do ramo — e, definitivamente, em matéria de remédios, sou apenas consumidor, não obsessivo, mas contumaz ao menos —, o laboratório topa? É estranho o silêncio da empresa até agora, não é mesmo?
Mas chegou a hora de falar. O que a EMS queria com a Labogen? Estava interessada na expertise do laboratório de Youssef? Quem fez o contato? Quais foram os intermediários na conversa?
A única coisa boa de envelhecer é ter memória, né? Eu me lembro ainda que, quando as tripas do governo Collor vieram à luz, apareceram notas fiscais de alguns gigantes do capitalismo brasileiro para empresas de PC Farias, o caixa do presidente deposto, notadamente a Tratoral. Ora, que tipo de serviço a dita-cuja oferecia? Nenhum! Era só uma forma legal de pagar propina por benefícios extralegais. Algumas notórias reputações foram flagradas na operação. Nessas horas, vem a cascata de sempre: “Se a gente não cede, acaba sendo prejudicado”. Ora, ponham a boca no trombone em vez de se deixar chantagear por pilantras.
A associação de empresas legais com empresas de fachada é um clássico de malandragem política. Que a Labogen não seja séria, disso a gente já sabe. Agora resta que a séria EMS se explique. Alguém forçou o acordo? Antes de celebrar uma parceria ou uma sociedade, esta gigante do setor farmacêutico ao menos se ocupa de colher informações cadastrais das empresas com as quais faz negócio? Qual era a experiência da Labogen na fabricação de remédios? Já tinha produzido antes o quê?
Deixo aqui as minhas perguntas à EMS. Se a empresa quiser responder, publico com muito gosto.