Editor do “Journal of Medical Ethics”, cobrado por leitor deste blog, diz que vai corrigir informação errada sobre infanticídio no Brasil
Pois é… Há uma propaganda do jornal britânico The Guardian sobre como seria contada hoje em dia, em tempos de mídias sociais e plataformas várias de notícia, a história dos Três Porquinhos. Já comento. À sua maneira, este blog dá um exemplo dos novos tempos. Publiquei aqui alguns posts sobre a defesa que dois teóricos […]
Pois é… Há uma propaganda do jornal britânico The Guardian sobre como seria contada hoje em dia, em tempos de mídias sociais e plataformas várias de notícia, a história dos Três Porquinhos. Já comento. À sua maneira, este blog dá um exemplo dos novos tempos.
Publiquei aqui alguns posts sobre a defesa que dois teóricos fizeram do infanticídio em artigo no “Journal of Medical Ethics”. Num editorial em que justifica a publicação, Julian Savulescu, editor da publicação, afirma que o Brasil adota tal prática, o que é, obviamente, mentira. No texto que escrevi a respeito, afirmei que ele só poderia estar se referindo a algumas tribos indígenas, sob o cuidado de antropólogos moralmente tarados.
Muito bem! Um leitor deste bog, meu seguidor no Twitter, e a quem sigo também, Lucas Saboia, achou Savulescu e resolveu indagá-lo sobre a sua afirmação disparatada. Não deu outra! O “especialista em ética” enviou-lhe um link que trata do assassinato de recém-nascidos em tribos indígenas. O texto cita a opinião de Antenor Vaz, que é da Funai, segundo quem “é perigoso criminalizar as ações [infanticídios] indígenas”. Para o preclaro Antenor, o estado não pode usar a moral da cultura moderna para julgar “as regras das culturas dos indígenas, que têm sobrevivido nesta terra [Brasil] por muito mais tempo do que nós, os brancos”. Outros ongueiros também são convocados para explicar que, em certas culturas indígenas, o sujeito só tem direito à vida quando socialmente aceito. Entendi…
Lucas Saboia enviou nova mensagem a Savulescu lembrando que a Constituição Brasileira protege a vida sem restrições, não havendo exceções nem para as culturas indígenas. O “especialista” se desculpou, disse que tem amigos no Brasil — que devem tê-lo induzido ao erro — e afirmou que vai corrigir a informação. Savulesco deve imaginar que mais ou menos metade da população brasileira é indígena, matando seus filhotes sob a inspiração dos espíritos da floresta…
Dou os parabéns a Lucas. Não vamos certamente mudar a cabeça de Savulescu e seus admiradores. Mas, ao menos, uma mentira deixará de circular. Abaixo, o diálogo de Lucas com o especialista, até a promessa da correção.
Lucas Saboia ? @lucas_saboia
@juliansavulescu Did you say that newborn babies are legally killed in Brazil? Where, when and by whom?
Julian Savulescu ? @juliansavulescu
@lucas_saboia For example see Bioedge bioedge.org/index.php/bioe…. Happy to retract if Bioedge not accurate
Lucas Saboia ? @lucas_saboia
@juliansavulescu Brazilian Constitution states clearly that the right to life is a higher principle than indigenous values preservation.
Julian Savulescu ? @juliansavulescu
@lucas_saboia I am sorry if sources are incorrect. I have friends and colleagues in Brazil. I will remove ref to Brazil from ed asap (Mon)
Lucas Saboia ? @lucas_saboia
@juliansavulescu Thank you very much!