Pronto! Dominique Strauss-Kahan nada mais deve à Justiça americana. O juiz Michael Obus retirou as sete acusações que pesavam contra ele, todas elas relacionadas à suposta agressão sexual contra a camareira Nafissatou Diallo. O juiz atendeu integralmente o pedido do promotor distrital de Manhattan, Cyrus Vance Jr. O episódio entra para a história como um emblema de uma das loucuras do nosso tempo.
Um dos textos que mais me renderam xingamentos e desqualificações até hoje foi aquele em que pus sob suspeita a história dessa senhora, logo no primeiro dia. Fazer o quê? Ignoravam-se detalhes inconsistentes da narrativa e só se via a suposta luta entre o opressor e a oprimida de manual. Um homem de mais de 60 obriga uma mulher na faixa dos 30, num quarto de hotel, a fazer sexo oral sem coagi-la com uma arma??? Não se consegue abrir à força a boca de uma criança de dois anos para dar um antitérmico! Quando se constatou que os resquícios de sêmen na gola (!) do vestido da camareira eram mesmo de Kahn, os politicamente corretos gritaram: “Estão vendo?” Ora, era mais uma evidência do sexo consensual. Basta pensar um pouquinho… Mas quê! Tratava-se da luta entre o ricaço europeu e poderoso e a pobre imigrante africana. Há ainda quem acredite que a injustiça que se comete contra os “privilegiados” é um bem que se faz aos deserdados…
Os EUA têm, sim, de repensar o modo como conduzem essas questões. Não me convence essa história de que o tratamento dispensado a Strauss-Kahn evidencia que, no país, todos são realmente iguais perante a lei. Vamos devagar! Kahn é inocente e sofreu, de modo antecipado, uma das piores penas a que pode ser submetido um indivíduo: o enxovalho público. Era a palavra da camareira contra a dele. Antes de qualquer investigação ou exame, foi arrancado de um avião, algemado, exposto à curiosidade pública, preso, humilhado, tratado como um cão.
Digam depressa: quem mais foi humilhado nesse caso? A vítima ou a vigarista? A verdade insofismável é que o caso, em si, era ignorado. Queriam mandar para o banco dos réus a Europa, num desagravo à África; o “homem”, num desagravo às mulheres; “o mais forte”, num desagravo aos “mais fracos”.
Isso não é justiça, mas manifestação do fascismo politicamente correto.