MV Bill e a irmã, que se chama “Cristiane”: escrevo sobre a imprensa, não sobre encrenca doméstica
Ai, ai, vamos lá. Peço que vocês leiam com muita atenção o texto do Portal G1 e o que vou escrever em seguida. Vocês sabem… Certa canalha é doida para atribuir a desafetos o que eles não escreveram. MV Bill presta depoimento à polícia após irmã acusá-lo de agressão Do Portal G1: Após as denúncias […]
Ai, ai, vamos lá. Peço que vocês leiam com muita atenção o texto do Portal G1 e o que vou escrever em seguida. Vocês sabem… Certa canalha é doida para atribuir a desafetos o que eles não escreveram.
MV Bill presta depoimento à polícia após irmã acusá-lo de agressão
Do Portal G1:
Após as denúncias da irmã, o rapper MV Bill prestou depoimento à polícia na tarde desta terça-feira (20). O cantor foi ouvido pelo delegado da 32ª DP (Taquara), Antonio Nunes, que abriu um inquérito para investigar o caso. A irmã do rapper fez um registro de ocorrência por lesão corporal com violência doméstica. Segundo a polícia, a mulher alegou ter sido agredida a pauladas pelo músico, além de ser ameaçada, após uma discussão familiar.
Mais cedo, o cantor usou o twitter para se defender das acusações da irmã. Em resposta à deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que lhe perguntara se estava tudo bem, ele tuitou: “td certo. meu papel n eh expor minha irma. ela teve uma crise, mas ja ta aqui comigo”, respondeu MV Bill na rede social, onde disse ainda que iria cuidar da irmã, assim como cuida dos filhos dela.
Apoio de fãs e amigos
O rapper ainda contou com o apoio de fãs e amigos nas redes sociais, como do seu parceiro de trabalho Celso Athayde. “gente, é preciso deixar claro que não tem ninguém fugido. O bill ta em casa, cuidando a família dele”, afirmou Athayde em seu perfil no twitter. Na tarde desta terça, pouco antes de prestar depoimento, o cantor ainda publicou no microblog que estava chegando à delegacia para dar sua versão da história. “Chegando na dp,por livre e espontânea vontade,pronto pros esclarecimentos”, afirmou na rede social.
Na segunda-feira (19), a irmã de MV Bill foi atendida na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, também na Zona Oeste, e encaminhada para exame de corpo de delito.
Voltei
Não! Eu também não sei o que aconteceu e não vou prejulgar. Eu quero é chamar a atenção de vocês para outra coisa. Imaginem se uma figura pública identificada com causas ditas “conservadoras” ou “reacionárias” estivesse no lugar do rapper… As redes sociais e a própria imprensa estariam fazendo um Carnaval. Ok. Vamos recorrer ao exemplo mais estridente para as esquerdas. O que seria do deputado Jair Bolsonaro se envolvido num episódio assim? Estaria liquidado.
Tentei encontrar o nome da “irmã” de MV Bill na Folha, no Estadão e no G1. Impossível. Ela é apenas “a mulher”, “a irmã” — na abordagem mais crítica, é “a vítima”. Só o Globo parece ter conseguido apurar esta informação tão difícil: “Cristiane”. Vejam vocês mesmos: a abordagem é quase reverencial, à beira de um pedido de desculpas. Bill sugere que a irmã está com problemas psíquicos ou algo assim. Aceita-se. Nas redes sociais, como se informa, todos estão com ele.
Reitero: não o estou acusando de coisa nenhuma! Não conheço as circunstâncias do caso. Estou tratando é da forma como a imprensa, contaminada pelo politicamente correto, lida com o assunto. Como detesto ambiguidade, esclareço: quando me refiro ao “politicamente correto”, não estou fazendo referência ao fato de MV Bill ser negro. Poderia ser um “progressista” de qualquer cor. Se, amanhã, Chico Buarque aparecer tomando um pirulito de criança, é claro que a criança estará errada. Já se um não-progressista for flagrado, sei lá, perseguindo um bandido, trata-se de luta de classes…
Esse noticiário todo cheio de dedos envolvendo MV Bill é a evidência de que existe uma nova aristocracia no país: a dos “Cidadãos Preocupados com a Justiça Social”. Se a pessoa em questão tiver alcançado essa condição, pode tachar os desafetos de “negro de alma branca”, que isso não será racismo; pode tratar a mulher como um peso morto, que só inferniza a vida dos homens, que isso não será machismo, e pode, eventualmente, espancar a irmã, que isso não será violência. Falo em tese, reitero. Se Bill fez mesmo isso, não sei. Este texto é sobre jornalismo, não sobre espancamento.
Assim, peço que vocês evitem prejulgar Bill. Eu só estou demonstrando como se constroem certas notícias.
Reitero: o nome da “irmã”, da “vítima”, da “mulher” é Cristiane!
PS: Só para lembrar ainda uma vez o exemplo de Chico Buarque. Fui eu quem levantou a forma pouco ortodoxa e profissional com que lhe concediam Prêmios Jabutis em penca. Vocês se lembram do caso. Tanto as minhas restrições eram procedentes que as regras da premiação foram mudadas. Elas hoje são exatamente como eu defendia que fossem. Mas, ora vejam!, restei, em certos círculos, como o vilão da história, aquele que “ousou” apontar uma falha no homem sem mácula. Não dou a mínima. Como escreveu Camus, há 73 anos, em seu manifesto em favor de uma imprensa independente, pouco me importa se a história levará em conta ou não os esforços em favor da verdade. O importante, para mim, é saber que os esforços terão sido feitos.