NÃO TENTEM ME INTIMIDAR. NÃO FUNCIONOU ANTES; NÃO VAI FUNCIONAR AGORA! OU: OS TERRORISTAS ESCONDEM; EU MOSTRO!
Blogueiros a serviço, alguns deles sustentados por dinheiro oficial, estão numa campanha para tentar me intimidar. Não vão conseguir. Outros tentaram antes, no tempo em que comandei a revista Primeira Leitura. Não funcionou. A revista fechou em 2006, mas não cedeu. Quatro anos depois, ainda querem tripudiar sobre um cadáver — insepulto para eles; de […]
Blogueiros a serviço, alguns deles sustentados por dinheiro oficial, estão numa campanha para tentar me intimidar. Não vão conseguir. Outros tentaram antes, no tempo em que comandei a revista Primeira Leitura. Não funcionou. A revista fechou em 2006, mas não cedeu. Quatro anos depois, ainda querem tripudiar sobre um cadáver — insepulto para eles; de boas e gloriosas memórias para mim e para todos que ajudaram a fazer aquela publicação, que tinha um dos sites mais visitados do país. Podem tirar o cavalo da chuva!
– Não vou deixar de escrever o que escrevo.
– Não vou deixar de pensar o que penso.
– Não vou deixar de fazer as indagações que faço.
– Não vou deixar de contar a história tal como ela se deu, não como querem os mistificadores.
É próprio dos estados policiais — e Hugo Chávez sabe muito bem disto — tentar calar os que divergem com denúncias infundadas, falsas evidências, dossiês apócrifos, acusações levianas. É assim que o protoditador venezuelano conseguiu praticamente calar a imprensa do seu país. Ocorre que o Brasil ainda não chegou lá. E, se depender de mim, não chegará.
Podem me chamar de feio, bobo, reacionário, o diabo a quatro. Não dou a mínima. Desta vez, no entanto, foram além da conta. E vou buscar reparação no ambiente adequado a tanto: a Justiça. Acho o fim da picada a divergência ideológica mergulhar no pântano da acusação irresponsável, a ponto de ter de torrar a paciência de juízes, que têm mais o que fazer. Mas não resta outra alternativa civilizada. Vamos ao caso.
Leviandades
Há quase dois meses, um leitor me enviou um post de um blogueiro aí. Segundo escrevia, um jornalista que gostava de usar chapéu teria “50 mil razões” para tratar muito bem uma construtora sob investigação. O chapéu virou, está claro, uma das minhas marcas no período em que tive de ficar careca. Não costumo dar bola a esse tipo de ilação. Na semana passada, a mesma criatura voltou à carga, desta feita afirmando que um “suposto jornalista da VEJA”, dono de um blog, apareceria na “suposta planilha da Camargo Correa”, com os tais “50 mil motivos”. E seu nome estaria associado a um ex-secretário de Serra-Kassab. Publicou também um link para o meu blog. Seus “comentaristas” passaram a citar o meu nome abertamente.
Eu não tinha tido acesso ao papelório da Operação Castelo de Areia. A razão é simples: não costumo me ocupar de dossiês e documentos que circulam no submundo da política. Lido muito pouco com coisas dessa natureza. Sei que elas alimentam o bom e o mau jornalismo investigativo. Ninguém ignora que meu embate principal é ideológico. Nunca escondi isso. Investigo mais as idéias do que os atos das pessoas. Os meus milhares de leitores preferem assim. Modéstia às favas, dei alguns furos memoráveis só com o auxílio da lógica.
A investigação da PF está sob sigilo. Mas o relatório “sigiloso” estava, no entanto, circulando. Era o caso de tentar saber de que diabos falava o rapaz. E li as centenas de páginas dos dois documentos. Demorou um tantinho. E descobri quais seriam os meus supostos “50 mil motivos”.
OS TAIS BLOGUEIROS FALAM DA EXISTÊNCIA DO DOCUMENTO, MAS O ESCONDEM PORQUE PRETENDEM QUE A INSINUAÇÃO PERMANEÇA NA SOMBRA. O OBJETIVO? “VAMOS VER SE O REINALDO FICA COM MEDO”. UMA OVA!!!
DECIDI FAZER MELHOR DO QUE ELES: PUBLICO O TRECHO DO DOCUMENTO COM QUE PRETENDEM ME INTIMIDAR. NÃO TENHO NADA A TEMER.
E deixo claro: li, sim, todo o papelório, mas não o tenho comigo. Li porque precisava me defender de uma calúnia estúpida. Transcrevi o trecho que diz respeito a mim. Também reproduzo uma imagem. AQUELA COISA SECRETA QUE ME DEIXARIA TÃO ASSUSTADO É NADA!!!
Antes que prossiga, uma informação importante: o documento é dividido em duas partes: há uma primeira, chamada “relatório de mídia”, que lista as coisas apreendidas pela PF. E há uma segunda, que é o relatório final entregue à Justiça. Meu nome aparece na primeira, não na segunda. Ou por outra: a própria PF ignorou o que os blogueiros do submundo acreditam que me deixa tão assustado. Este parágrafo é especialmente importante porque vou retomá-lo mais abaixo para esclarecer o modus operandi do submundo.
No tal “relatório de mídia”, não no relatório final, aparece reproduzida esta imagem:
Referindo-se ao quarto é ultimo papelzinho da montagem, DIZ O RELATÓRIO, MAS NÃO A DENUNCIA:
“O último valor (R$ 50.000) apresentado neste documento está relacionado à sigla genérica NNN, não sendo atrelado a obra específica. Há menção de que este valor estaria direcionado à Revista “A”, mais precisamente ao jornalista Reinaldo Azevedo, atualmente articulista da Revista VEJA. Outros nomes que surgem no manuscrito são de Andrea Matarazzo, que provavelmente seria o então secretário de coordenação das subprefeituras da Prefeitura de São Paulo, além do prenome “Carlos”, o qual ainda não foi possível identificar.
O que isso quer dizer?
Notem, reitero, que aquela imagem é uma montagem de quatro papéis. Observem o quarto. Em caneta azul, aparece “Revista: A 50.000,00″. Em caneta preta, uma anotação provavelmente feita num outro momento, “Reinaldo Azevedo (Andrea Matarazzo) Revista (Carlos)”.
COMO DEIXA CLARO O RELATÓRIO DA PF, NADA DISSO APARECE “ATRELADO A QUALQUER OBRA ESPECÍFICA”.
Em 2004, quando assumi a direção da revista Primeira Leitura, falei com muita gente, percorri muitas empresas, tentei tornar o veículo viável economicamente — que é o que fazem todas as pessoas na posição que eu ocupava. É possível que tenha sido Matarazzo a pessoa que me recomendou a alguma empresa do grupo Camargo Correa — não estou certo; se me lembrasse, diria porque não há nada de estranho, incomum ou ilegal nisso.
Não sei se o pedaço de papel que compõe aquela montagem saiu de alguma agenda, de uma folha solta ou algo assim. O que sei é que a revista que deve ter tido, por motivos óbvios, as contas mais investigadas do país NÃO OBTEVE OS ANÚNCIOS QUE PLEITEAVA. Uma pena! As anotações feitas com canetas distintas e em tempos provavelmente distintos talvez indiquem que a “Revista A” não era a “Primeira Leitura” — que, ademais, poderia ter sido identificada por “PL”. Falar em “Revista A” faz supor a existência das revistas B, C, D…
Em 2004, Matarazzo não ocupava cargo público nenhum. Foi subprefeito da Sé na gestão Serra, que assumiu a Prefeitura em 2005, e secretário de subprefeituras só na gestão Kassab. A tentativa dos caluniadores, diga-se, é atrelar meu nome a algum “esquema tucano”. E, NO ENTANTO, O QUE ELES TÊM? Dois nomes manuscritos e um trecho do relatório dizendo a minha ocupação DE HOJE e a de Matarazzo a partir, creio, de 2006… NÃO ESTRANHA QUE MEU NOME NÃO CONSTE DO RELATÓRIO FINAL ENCAMINHADO À JUSTIÇA. AFINAL, DENUNCIAR O QUÊ? É isso o que há contra mim?
Para ser rigoroso, meu blog aparece, sim, no relatório final. Como? Na forma de um link de um dos textos do clipping, que a PF usa como reforço para a sua apuração. Assim, no relatório final, a PF acaba me usando como referência informativa!
Não sou investigado!
Não sou acusado!
Não sou indiciado!
Não tenho nada a ver com a Operação Castelo de Areia!
NÃO HÁ RIGOROSAMENTE NADA CONTRA MIM A NÃO SER A MALEDICÊNCIA DE QUEM, ESPERO, ARQUE COM O PESO LEGAL DE SUAS ESCOLHAS. Qual é, afinal, a hipótese dessa gente? De que modo a revista Primeira Leitura poderia ter sido útil a propósitos supostamente inconfessáveis de uma gigante como a Camargo Correa? Tenham paciência!!! Eu jamais me dei tanta importância!
Tudo o que escrevi sobre a Castelo de Areia, e passa de uma centena de posts, está em arquivo, muito antes de qualquer boataria vir a público. Nessa operação, como em outra qualquer, defendi, como defendo sempre, o devido processo legal. E CONTINUAREI A FAZÊ-LO. E CONTINUAREI A ACHAR UM ABSURDO QUE AQUELES QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELO SIGILO DOS DOCUMENTOS OS COLOQUEM EM PRAÇA PÚBLICA.
MAS DEFENDO O DIREITO QUE A IMPRENSA TEM DE DIVULGÁ-LOS QUANDO BOTA A MÃO NELES. A obrigação da imprensa é publicar o que sabe e apura, não guardar documentos.
Isso é diferente de usar o acesso a documentos restritos para tentar intimidar, para fazer ilações infundadas, para elaborar dossiês, para atingir adversários. Aí já estamos na esfera do crime. COMIGO NÃO! ELES ESCONDEM? EU DIVULGO!
Já esperava por algo parecido
Eu já esperava por algo parecido. Há tempos, embalados pelo próprio exemplo, tentam me meter em alguma sujeira. Mas não conseguem. E não conseguiram desta vez de novo! Não sou o primeiro a sofrer intimidação. Também não serei o último. Diogo Mainardi foi parar no relatório da Operação Satiagraha, embora tenha atuado o tempo inteiro para desvendar lambanças que a própria operação apurava. Tentaram fazer dele o investigado. Compreendo. Somos vistos, na imprensa, como dois dos principais “inimigos” dos que se querem donos do novo poder — e de seus áulicos, alguns deles sustentados, comprovadamente, com dinheiro público.
Não adianta! A acusação ridícula não vai prosperar porque não há nada. E eu continuarei a escrever o que penso, nos limites da legislação brasileira. É esse o compromisso que tenho com os meus milhares de leitores e com a VEJA.com, que hospeda o meu blog – o que não quer dizer que ela endosse todos os meus pontos de vista.
O Método
O que está em curso? A Polícia Federal faz um relatório amplo, cheio de ilações, que deve permanecer em sigilo. Desse relatório incial, sai o final. Ocorre que aquele primeiro documento acaba nas mãos de verdadeiros gângsteres, que passam a usá-lo como fonte de tentativa de intimidação — quando a pessoa nada deve — ou de chantagem, para o caso de alguém temer alguma coisa. O objetivo é colocar num mesmo saco de gatos quem deve e quem não deve, desde que seja considerado um inimigo, segundo a vontade de quem mete a mão no papelório.
À diferença do que pretendem os intimidadores, a “imprensa” nada noticiou a meu respeito porque nada há a noticiar, não porque eu goze de qualquer proteção especial. Aliás, desconfio até que vontade não faltou a muita gente. Mas noticiar o quê? Para dar curso à baixaria, é preciso ignorar o rigor profissional mínimo que se exige de um jornalista. Não fiz nada de ilegal. Nunca fui investigado. Nunca fui acusado. Nunca fui indicado. O que há é o que vai acima. E, sendo assim, tratarei como calúnia a ação dos caluniadores; como difamação, a dos difamadores; como injúria, a dos injuriosos. E usarei como minha melhor defesa o relatório de mídia e o relatório final da Polícia Federal, os mesmos que alguns bobalhões acreditavam poder usar para me intimidar. VÃO SE DANAR!
E noto: agora eu também li o papelório. E sei tudo o que está lá. Tudo mesmo! Esvazio, assim, a tentativa de intimidação dos ratos, alguns deles pagos com dinheiro público. Daqui para a frente, provado e evidenciado que nada há contra mim, responderei na Justiça às insinuações, difamações e congêneres. Acabou a brincadeira! É como devem ser tratados os larápios que tentam roubar também a honra alheia.
Se vocês acharem, algum dia, que estou pegando leve “com aquela gente” — às vezes, posso ficar com o coração mole —, alertem-me. EU NÃO QUERO QUE ELES TENHAM QUALQUER DÚVIDA SOBRE O QUE EU PENSO. Pretendo que eles não fiquem um só dia sem me odiar. Mas não vão mentir a meu respeito. Como todos sabem, repudio o terror, o terrorismo e os terroristas.
Para encerrar: se a tentativa era a intimidação, vão colher o efeito contrário: o episódio só demonstra que meu repúdio a certo estado de coisas está ancorado na realidade. Quem lê o que escrevo sabe como estou morrendo de medo… Bando de ridículos!
A VENEZUELA AINDA NÃO É AQUI! E AINDA HÁ JUÍZES EM BERLIM!