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O artigo de um rematado idiota

Que Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, seja um dos mais rematados idiotas do Ocidente, disso poucos duvidam — até os que fingem acreditar no que ele diz. Desta feita, no entanto, ele superou a própria marca. O Estadão de hoje reproduz um artigo seu para o Washington Post. Leiam. Comento mais tarde. Ah, sim: no […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h32 - Publicado em 25 nov 2010, 06h51

Que Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, seja um dos mais rematados idiotas do Ocidente, disso poucos duvidam — até os que fingem acreditar no que ele diz. Desta feita, no entanto, ele superou a própria marca. O Estadão de hoje reproduz um artigo seu para o Washington Post. Leiam. Comento mais tarde. Ah, sim: no Brasil, Carter diria: “Temos de ouvir o Comando Vermelho e os Amigos dos Amigos”.

Temos de ouvir Pyongyang

Ninguém compreende inteiramente os motivos dos norte-coreanos, mas é bem possível que as recentes revelações sobre suas centrífugas de enriquecimento de urânio e o bombardeio da Coreia do Norte, na terça-feira, contra uma ilha da Coreia do Sul tenham por objetivo lembrar ao mundo que eles merecem respeito nas negociações que determinarão seu futuro. Em última instância, a opção dos EUA pode estar entre a cortesia diplomática e evitar um confronto catastrófico.

Tratar de maneira produtiva com a Coreia do Norte tem sido um desafio para os EUA. Sabemos que a religião estatal desta sociedade tão fechada significa autoconfiança e recusa em ser dominada por outros. As capacidades tecnológicas da Coreia do Norte – alvo de severas sanções – e a pobreza nacional são surpreendentes. Os esforços para exibir sua capacidade militar, bombardeando Yeongpyeong, e seus testes de armamentos provocaram desejo de retaliação. Ao mesmo tempo, diante de nossos laços diplomáticos e militares com Seul, precisamos acatar as políticas adotadas por seus líderes.

A Coreia do Norte já fez ameaças de um conflito armado, anteriormente. Há cerca de oito anos, escrevi um artigo para o Post sobre como, em junho de 1994, o presidente Kim Il-sung expulsou os inspetores da Agencia Internacional de Energia Atômica ( AIEA) e proclamou que barras de combustível utilizadas poderiam ser reprocessadas e transformadas em plutônio. Kim ameaçou destruir Seul se sanções mais severas fossem impostas a seu país.

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Desejando resolver a crise por meio de conversações diretas com os EUA, Kim convidou-me para ir a Pyongyang e discutir questões pendentes. Com aprovação do presidente Bill Clinton, segui para a Coreia do Norte e, na volta, reportei os resultados positivos das discussões à Casa Branca. Depois disso, negociações diretas foram realizadas em Genebra que resultaram num “esboço de acordo” pelo qual a Coreia do Norte cessava o reprocessamento e a inspeção da AIEA era restaurada.

Com as provas de que Pyongyang estava adquirindo urânio enriquecido, violando os termos do acordo assinado em Genebra, o presidente George W. Bush – que declarou esse país parte do “eixo do mal” e um alvo potencial – condicionou as discussões com os norte-coreanos à sua rejeição completa de um programa de armas nucleares. Posteriormente, a Coreia do Norte expulsou os inspetores da AIEA, retomou o reprocessamento e adquiriu o plutônio necessário para, talvez, sete bombas.

Negociações esporádicas nos anos seguintes entre as seis partes – Coreia do Norte, EUA, Coreia do Sul, Japão, China e Rússia – resultaram num acordo, em 2005, em que foram reafirmadas as premissas básicas do acordo assinado em 1994. Infelizmente, não tivemos avanços substanciais desde então.

Pyongyang enviou uma mensagem de que, nas conversações diretas com os EUA, está disposta a concluir um acordo que encerre seu programa nuclear e assinar um tratado de paz permanente. Devemos pensar nessa oferta. A alternativa desacertada será os norte-coreanos adotarem ações que consideram necessárias para se defender contra o que mais temem: um ataque militar apoiado pelos EUA e medidas para mudar o regime político do país.

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