O bolivarianismo de butique de Abramovay. Ou: Somos todos obrigados a fazer as vontades dos financiadores de uma ONG multinacional?
Num dos posts desta manhã e no imediatamente anterior a este, tratei do tal site Avaaz, chefiado, no Brasil, pelo petista Pedro Abramovay. Trata-se de uma entidade americana, hoje espalhada pelo mundo. Sua entrevista ao Estadão desta segunda demonstra que o Brasil está mergulhado no surrealismo, inclusive setores consideráveis da imprensa, que se tornou mera […]
Num dos posts desta manhã e no imediatamente anterior a este, tratei do tal site Avaaz, chefiado, no Brasil, pelo petista Pedro Abramovay. Trata-se de uma entidade americana, hoje espalhada pelo mundo.
Sua entrevista ao Estadão desta segunda demonstra que o Brasil está mergulhado no surrealismo, inclusive setores consideráveis da imprensa, que se tornou mera caudatária de redes sociais e do bochicho da Internet. Se a causa é politicamente correta e junta alguns milhares, então é necessariamente boa. E o estado de direito que se dane! Vamos ver.
Ao Estadão, Abramovay diz que o site Avaaz, onde ele decreta quem vive e quem morre, é financiado por doações. Sei. De quem? Seja como for, trata-se de uma entidade que se orienta como empresa privada. Logo, um grupo de financiadores escolhe os seus alvos. E não é pouco dinheiro. Quem tem recursos para financiar pesquisas do Ibope está bem de caixa. Ele não diz quanto custou. A transparência tem um limite. Ele se quer a voz da sociedade, mas só conta uma parte.
Vejam que curioso! Eu aposto que Abramovayzinho está entre aqueles que defendem financiamento público de campanha eleitoral. Assim, entende-se que este rapaz, que setores da imprensa confundem com um pensador, é contra o que eu chamaria “financiamento positivo”. O financiamento positivo, nesta acepção, é aquele em que entes privados doam recursos a um partido em favor de uma causa. Mas o “menininho malvado” do petismo é favorável ao “financiamento negativo”: ele defende o suposto direito que tem o Avaaz de receber dinheiro de terceiros para satanizar pessoas. É com essa mesma lógica clara, lúcida, cristalina, iluminada, que esse rapaz queria descriminar no Brasil o que chama de “pequeno tráfico”.
Corolário: se você não quer ter o seu nome demonizado no Avaaz, concorde com Abromovay. Na prática, o site se tornou uma espécie de chantagista moral, ideológico. Não fosse assim, as preferências disputariam espaço livremente no site. Mas não! Ele não deixa. Corta as petições — sempre com o apoio da maioria do “grupo” — com as quais não concorda. Por que falei em “chantagem moral e ideológica”? Ou você pensa o que eles pensam ou corre o risco de ir para o paredão. É a mesma lógica do sequestro: ou paga o resgate ou morre — o resgate cobrando por Abramovay e sua turma é, reitero, moral e ideológico.
Este rapaz está tentando criar uma espécie de Parlamento paralelo. Então ficamos assim: o Congresso que existe não faz a sua parte e vai pedir socorro ao Supremo, chorando como um bebê que está com a fralda molhada. E vai tomando o seu lugar o “Parlamento do teclado”, o “Parlamento do sofá”, que tem um presidente, que, por sua vez, tem um partido. Curioso: enquanto os petistas do Parlamento fechavam com Renan Calheiros, os da Internet pediam a cabeça de Renan Calheiros… Sim, eu sei: não foram só eles. Muita gente pediu. Essa gente é hábil para fazer o mal se imiscuir no bem.
Tratem, senhores parlamentares, de fazer as vontades dos financiadores do Avaaz — ou “eles” pedirão a sua cabeça. Ou criem vergonha na cara e reajam às práticas chantagistas que selecionam alvos.
Não, senhores! Não vou condescender com esse bolivarianismo de butique do senhor Abromovay! A Venezuela chegou àquele estado miserável usando as boas causas a serviço da pistolagem ideológica.