O DNA de Strauss-Kahn, a gola da camareira e uma versão subindo no telhado
Leiam o que vai no Estadão Online. Volto em seguida: O DNA do ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, foi encontrado na roupa da camareira do hotel Sofitel que o acusou de tentativa de estupro. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 23, pelas redes de TV ABC e NBC, dos Estados Unidos, onde […]
Leiam o que vai no Estadão Online. Volto em seguida:
O DNA do ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, foi encontrado na roupa da camareira do hotel Sofitel que o acusou de tentativa de estupro. A informação foi divulgada nesta segunda-feira, 23, pelas redes de TV ABC e NBC, dos Estados Unidos, onde Strauss-Kahn está em prisão domiciliar após deixar a prisão na sexta-feira. A Justiça e a polícia de Nova York, contudo, não negaram nem sequer confirmaram a informação sobre o DNA, segundo a AFP. A agência também lembra que a divulgação dos resultados dos exames de DNA eram esperados para o começo desta semana.
Segundo a Efe, a NBC teria citado fontes ligadas à investigação do caso e teria dito que os exames de DNA nas roupas da funcionária do hotel deram positivo para a informação genética do ex-chefe do FMI. Ainda segundo a TV, a investigação ainda continua, e “outras provas” estariam sendo analisadas, retiradas do quarto do Sofitel onde, no dia 14 de maio, Strauss-Kahn teria tentado estuprar a camareira.
Gola
A polícia colheu amostras de DNA ao prender o ex-chefe do FMI, que renunciou ao cargo na semana passada após sofrer forte pressão. O material colhido teria sido comparado com o encontrado na gola da camisa da camareira, uma imigrante de 32 anos da Guinea. Ainda segundo a Efe, jornais americanos como o New York Times teriam confirmado que sêmen de DSK, como o ex-chefe do FMI de 62 anos é conhecido na França, foi encontrado na roupa da funcionária. O jornal publicou também a informação de que a polícia de Nova York já teria notificado as autoridades francesas sobre o resultado dos exames. Strauss-Kahn é francês.
Sexo consensual
Um porta-voz da Procuradoria em Nova York, Erin Duggan, disse à AFP na manhã desta segunda-feira que detalhes sobre as investigações não seriam revelados. A agência informa que Duggan manteve sua posição de não revelar informações à tarde. A presença do DNA de Strauss-Kahn nas roupas da camareira pode confirmar se houve ou não relação sexual entre os dois. Mas, segundo analistas, é mais difícil provar se houve violência. A defesa do ex-chefe do FMI insiste que houve sexo consensual com a camareira.
Tornozeleira
Strauss-Kahn renunciou ao cargo no FMI após ter sido preso sob acusação de crimes sexuais, em Nova York, no sábado, 21. Ele foi colocado em prisão domiciliar após o pagamento de fiança de US$ 1 milhão e de deixar garantias no valor de US$ 5 milhões para assegurar que não fugiria do país. Como parte do acordo com a Promotoria, ele usa uma tornozeleira para informar sua localização à polícia e precisou entregar os documentos de viagem às autoridades.
Comento
Ai, ai, ai… Eu sei que esses casos que geram, assim, unanimidade não permitem nem mesmo a alguém íntimo da lógica propor algumas questões relevantes. Parece que o tal DSK não é mesmo flor que se cheire, certo? E não serei eu a defendê-lo, não. Mas ou os leitores ignoram, digamos, a mecânica dos corpos e ainda não sabem — ou já esqueceram — como é brincar “daquilo naquilo”, ou a história da “tentativa de estupro” se enfraqueceu substancialmente.
Tá. Uma coisa é sair peladão do banheiro, agarrar a moça, tentar lhe tirar a meia-calça, forçar o sexo oral, aquela coisa toda que ela denunciou. Entendia-se que ela tinha resistido, lutado com o cara, caído fora. Desesperado, ele colocou a roupa e se mandou. Mas sêmen? Na gola?
A suposição de que houve, sim, sexo oral, não simples tentativa, é evidente. E, digamos, DSK não se fez de rogado. Em que circunstâncias essa moça estaria ao menos impedida de gritar (sem piadinhas, tá?)? Ele estava armado com um revólver, uma faca? Ou, não sendo sexo consensual, a depender do estímulo que o teria levado a ejacular, ela poderia ter causado um dano e tanto àquilo que um ministro do STF chamara “regalo”, “bônus da natureza”, do sátiro, certo? Claro, sempre há hipótese de DSK ser o famoso ligeirinho: mal começou, já terminou. Uma luta rápida com a moça foi o bastante para fazê-lo atingir o paroxismo. Mas na gola? Coisa semelhante quase derrubou um presidente dos EUA — naquele caso, sexo claramente consensual; ou “não-sexo”, né? Bill Clinton deixou claro que, para ele, só vale “aquilo naquilo” — aquilo naquele outro não…
As circunstâncias, considerando quem é ele e quem é ela, estão contra o ex-chefão do FMI, independentemente do que tenha acontecido. Mas a esmagadora maioria dos leitores aqui sabe do que estamos falando, não? O politicamente correto, o mulheristicamente correto, o camareiristicamente correto, o oprimidiscamente correto, o americanamente correto e afins podem impedir que se constate o óbvio, que continua, não obstante, a ser óbvio: a versão da tentativa de estupro está bem mais fraca agora, ainda que o tal DSK, tudo indica, se deixe abrasar até pelas pernas de uma mesa se esta se lhe afigurar sestrosa…
DSK já foi destruído. Pode ser que a gola o livre de passar os restos de seus dias na cadeia. Vamos ver. E é bom os apressadinhos pensarem duas vezes antes de disparar desaforos nos comentários: não estou negando que tenha havido violência. Só acho que há indícios de história atrapalhada. Não é porque se trata de um assunto delicado que se deve parar de pensar. Que ele tenha biografia de culpado, também não duvido.
PS – Huuummm, é o tipo de texto que dá um trabalho danado à moderação… Metade dos comentários, no mínimo, tem de ser cortada. Conto com vocês.