Li em algum lugar que o jornalista Eugênio Bucci, professor da ECA, deu uma aula pública ou coisa assim no campus. “Aulas públicas” marcam a adesão de professores a manifestações de protesto e assemelhados. No caso, ele estava dando seu apoio à minoria fascista que quer se impor na USP na base do berro e da força bruta, como evidencia o vídeo sobre a libertação das Letras. Como vocês viram, os trogloditas tinham interditado o edifício. É para essa gente que Bucci exerce o seu charme supostamente tolerante. Deu sua forcinha aos autoritários, mas certamente sem se comprometer demais, como é de seu feito. Flertou com a ilegalidade, mas sempre fazendo um “hedge” com as forças da ordem. É muito esperto.
Faz sentido.
Bucci é um dos “intelectuais” que cantam as glórias de Fernando Haddad por aí, como deixa evidente num texto de 11 de fevereiro de 2010, que eu desconstruí lindamente. Voltei ao tema em 15 de junho deste ano e em 13 de setembro. Por que lhe dei alguma trela? Ex-presidente da Radiobras por vontade de Lula, claro!, Bucci se apresenta como um amigo da propriedade privada dos meios de comunicação e avesso às tentativas totalitárias do PT de “controlar a mídia”. E muitos ficam encantados: “Nossa! Que esquerdista bacana!”. Como se ele nos fizesse algum favor. Segue sendo petista porque assevera a natureza essencialmente boa do partido, eventualmente desvirtuado por homens maus, como José Dirceu. Sim, Bucci é inteligente o bastante para deixar claro que não é da turma do “chefe de quadrilha”.
Mas é da turma de Haddad! É um de seus principais propagandistas. Se o petista se eleger prefeito, ele certamente será um dos seu “luminares” — a mulher de Bucci, Maria Paula Dallari (filha do petista Dalmo Dallari), já foi a principal executiva do ministro na Educação. Era ela, coitada!, quem dava a cara ao tapa a cada besteira que seu chefe fazia.
Por que escrevo isso tudo? Porque Bucci, articulista da grande imprensa e debatedor supostamente isento de temas ligados à comunicação, gosta de se apresentar apenas como um amigo da verdade, quando é evidente que ele é mais amigo daquele a quem considera um Platão: Fernando Haddad!
E o que disse Haddad quando a PM restabeleceu o estado de direito na USP, coisa de que, parece, Bucci não gostou muito? “Não se pode tratar a USP como se fosse a Cracolândia e a Cracolândia como se fosse a USP”. Ou seja: flertou com os invasores e tratou uma questão dramática de todas as cidades do Brasil (há duas cracolândias a metros do MEC, em Brasília) como se fosse mero caso de polícia — polícia que ele pede para os pobres, mas não para os baderneiros que infelicitam a universidade.
Vale dizer: Haddad fez exploração eleitoreira vigarista das duas questões: da Cracolândia e da USP. E ainda flertou com criminosos, que desrespeitavam uma decisão judicial. Ouso dizer, como simples dedução, que Bucci, um de seus principais prosélitos, ao dar uma “aula pública” para a minoria truculenta que quer parar a USP, seguiu-lhe os passos.
Mas de modo muito “isento”, como sempre. É outro petista que não gosta de sujar o shortinho, a exemplo de Gugu-dadá Haddad.