O antiamericanismo é a expressão mais bronca do nosso irracionalismo. É bem mais prudente não misturar manga com leite. É bem mais sensato as mulheres não lavarem o cabelo quando estão menstruadas. É bem mais inteligente não tomar banho de chuveiro com o estômago cheio. É bem mais profundo dar três pulinhos para São Longuinho quando some alguma coisa — nesse caso, há uma variante meio escatológica: crave na terra uma estaca relativamente longa. Vale por um pau no fiofó do diabo. Incomodado — sei lá por quê, já que é diabo… —, ele devolve o que roubou. Mas o antiamericanismo… Bem, esse traz prejuízos.
Como informa reportagem da VEJA.com, Aeronáutica e Ministério da Defesa consideravam que a proposta mais vantajosa para os caças era a da Boeing. Tudo somado e subtraído — desde o fato de que o modelo já é testado (o sueco, da Gripen, ainda será desenvolvido) à transferência de tecnologia e novas parcerias possíveis —, a oferta da empresa americana era vista como a melhor. Nota: desde o começo, o francês Rafale era tido como a pior alternativa, embora preferido por Lula, que chegou a anunciar o acordo…
Muito bem! Aqui e ali, a mixuriquice antiamericanista já torcia o nariz. Aí veio o caso deste lamentável paspalho chamado Edward Snowden, o pilantra que foi alçado à condição de herói. Pronto! Apareceu, finalmente, um pretexto ao menos para desconsiderar a oferta americana. Já temos o primeiro serviço inequívoco prestado por Gleen Greenwald — o jornalista que, consta, hoje está associado a um gigante internacional de vendas pela Internet (???) — e Snowden. O Brasil foi levado a fazer uma compra bilionária movido pelo fígado, não pelo cérebro.
“Ah, não havia ambiente político para comprar dos americanos…” Não? Cessemos, então, todas as nossas relações comerciais com os EUA. A gente não compra nada deles e também não vende nada pra eles. Como é aquela música? “Chegou a hora desta gente bronzeada mostrar seu valor…”
Ah, sim: boa parte da tecnologia embarcada do Gripen é… americana! Mas isso é lá com os suecos, né? Nós respondemos aos americanos com um desafiador samba no pé. Quero ver agora o que eles farão sem os nossos US$ 4,5 bilhões!