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TIO REI DIALOGA COM A ALMA DOS BANQUEIROS, QUE ADMIRA MUITO

Se há coisa para a qual eu não dou bola, zero mesmo, é pessimismo ou preocupação de comerciantes e banqueiros. Sabem por quê? Porque é da natureza da atividade, sabem? O fato de serem, de algum modo — e não faço juízo de valor; apenas constato — atividades-meio, de caráter especulativo, torna essas mentes um […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h02 - Publicado em 26 jan 2010, 19h09
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  • Se há coisa para a qual eu não dou bola, zero mesmo, é pessimismo ou preocupação de comerciantes e banqueiros. Sabem por quê? Porque é da natureza da atividade, sabem? O fato de serem, de algum modo — e não faço juízo de valor; apenas constato — atividades-meio, de caráter especulativo, torna essas mentes um tanto assustadas. Comecei a ler jornal regularmente aos 14 anos. E tenho, desde aquele tempo, a memória sobre as perspectivas negativas dos comerciantes com as vendas do Natal. E elas sempre superam as expectativas, entendem? Com ou sem crise. Na indústria, a coisa é um pouco diferente. A margem de especulação com a incerteza é, naturalmente, menor. Banqueiro não deixa de ser comerciante, né? Tudo espremido, o que ele faz é vender dinheiro.

    Por que essa conversa?

    O Bank of America fez um relatório cujo título é: “Brazil: 10 questions for 2010″. Lá pelas tantas, afirma que “o mercado está subestimando o risco de mudanças na política [econômica] depois das eleições”. O texto sustenta que a polarização entre Serra e Dilma é vista como positiva pelo mercado, mas, considera o banco, há uma dúvida:
    “Permanece incerto quão independente será o Banco Central em qualquer uma das administrações. Enquanto um governo sob José Serra, do PSDB, seria provavelmente uma surpresa positiva nos campos fiscal e das reformas, continua incerto até que ponto o Banco Central seria intervencionista no caso do câmbio. Sob Dilma, seria mais provável o mesmo em termos de administração da política macroeconômica – mas sem o capital político de Lula, há um maior risco na execução”.

    A preocupação do Bank of America me deixa, sem dúvida, comovido. Eu não tenho dúvida que o Fed foi absolutamente independente quando deixou o Lehman Brothers ir por vinagre. E também não tenho dúvida de que, feitas as coisas daquela maneira, foi um erro.  O Bank Of America, em situação melhor, é verdade, teve mais sorte. Quando a instituição expressa sua preocupação com a independência do BC, demonstra todo seu amor pelo capitalismo. Quando o governo americano injetou US$ 20 bilhões na instituição e bancou o risco de US$ 118 bilhões de ativos podres para que ela assumisse a Merrill Lynch, talvez a operação lhe tenha parecido um tanto heterodoxa segundo o liberalismo clássico, mas necessária caso se considerasse a alternativa…

    Sim, leitor, há um tanto de ironia no meu texto, é evidente. É que não tenho muita paciência pra essas coisas, não. Se querem saber, não há razão para desconfiar da adesão nem de Dilma nem de Serra às regras de mercado — ao menos aquelas que interessam para os bancos. O PT incentiva o, como posso chamar?, “estato-capítalismo”, mas isso deve estar fora do relatório e é tema para outra conversa.

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    A diferença mais importante que existe entre os dois candidatos não é capaz de levar banqueiros à luta armada: A QUESTÃO DA DEMOCRACIA. O Programa Nacional de Direitos Humanos parido com a ajuda de Paulo Vannuchi e da Casa Civil, de que Dilma é a titular, prova que ela não gosta muito desse troço. De que troço? Da democracia. O capitalismo, especialmente se “estato-capitalismo”, ela tolera bem.

    Quanto ao mais, dizer o quê? Comento este trecho: “Enquanto um governo sob José Serra, do PSDB, seria provavelmente uma surpresa positiva nos campos fiscal e das reformas (…)”. Surpresa? Qual surpresa? Quem conhece as contas do governo de São Paulo não tem o direito de se surpreender com a disciplina fiscal do tucano — mormente porque é ele o grande responsável por existir no Brasil uma Lei de Responsabilidade Fiscal, contra a qual o PT, quando na oposição, recorreu ao Supremo, e da qual o PT, uma vez no governo, não abriu mão.

    Tio Rei gosta do liberalismo em economia, é conservador em política e quase reacionário nos costumes. Isso quer dizer que nada tem contra banqueiros. Ao contrário. Mas considera que eles não são bons quando falam de política — embora tenham o direito de fazê-lo. É que a pólis, de que cuidam os políticos, contém os bancos, mas os bancos não contêm a pólis.

    Ademais, é muito cedo para especular — no bom sentido, é claro!

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