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Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história

Inflação, o esporte nacional

Reportagem de VEJA de 1990 mostrava como a convivência "pacífica, cíclica, quase cúmplice" com a desordem dos preços se tornara um traço cultural

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h37 - Publicado em 12 jan 2018, 00h44
Capa de 11 de julho de 1990
Capa de 11 de julho de 1990. Clique para ler a reportagem na íntegra. (Reprodução/VEJA)

O IBGE confirmou esta semana que, pela primeira vez, a inflação fechou o ano abaixo do piso da meta. O IPCA, a referência da política econômica, acumulou alta de 2,95% em 2017. O alvo era de 4,5%, com margem de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Porque o indicador ficou abaixo do limite inferior, de 3%, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, teve de se explicar: em carta aberta, atribuiu o resultado ao choque de preços de alimentos e garantiu que estão sendo tomadas as providências para elevar o indicador até o centro da meta. Nos anos 1980 e começo dos 1990, quando a inflação anual alcançava quatro dígitos, nada indicava que algum dia o país teria esse tipo de de preocupação. A inflação era o verdadeiro esporte nacional.

Em julho de 1990, em longa reportagem de capa, VEJA investigou a cultura da inflação e as razões por que sucessivos choques econômicos falharam estrondosamente. A reportagem observava que a convivência “pacífica, cíclica, quase cúmplice com os altos índices de inflação” tinha virado um traço nacional. “Geralmente as pessoas falam em duas ou três décadas quando se referem à doença inflacionária”, dizia a revista. “A verdade é que a alma brasileira está imersa nesse banho cultural há muito mais tempo.” A rigor, desde os tempos de colônia. Infográfico mostrava, por exemplo, que o custo de vida subiu 50% em Minas Gerais durante o ciclo do ouro.

Em meados de 1990, o Brasil estava prestes a descobrir que mais um plano, o Collor, fracassaria no combate à desordem dos preços. A inflação mensal já voltara a atingir dois dígitos, e o presidente fazia então apelos para que empresários segurassem os preços. A reportagem de VEJA reuniu histórias ilustrativas daqueles tempos, que podem chocar quem não viveu a hiperinflação – e devem servir de alerta para que o país nunca mais mergulhe na anarquia inflacionária. Exemplos:

  • O dono de um posto de gasolina no Paraná atende ao apelo do governo e reduz o preço do combustível. É notificado pelo Departamento Nacional de Combustíveis por transgredir norma que impedia o desconto e ameaçado por outros empresários do setor.
  • O programa de televisão Shop-Tour, com horas de anúncios de ofertas, leva multidões a pequenas e médias lojas de São Paulo. “Muitas pessoas nem precisam do produto”, explicava o produtor. “Elas querem mesmo trocar seu dinheiro por algo mais valioso e durável.”
  • Pouco antes, o governo decidira dar dois dias para aposentados resgatarem o saldo retido da poupança. Resultado: corrida aos bancos e tumulto nas agências.
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“A atmosfera inflacionária joga as pessoas num estado constante de ansiedade e alerta”, explicava a reportagem. “Décadas de inflação elevada ensinaram aos brasileiros que os preços só andam num sentido – para o alto. O produtor eleva o preço de sua mercadoria, o comerciante carimba seu acréscimo nas etiquetas, o trabalhador exige salário maior – e o produtor eleva de novo os preços dos seus artigos. Todos ficam provisoriamente satisfeitos, exigem providências do governo e continuam a empurrar os preços para cima.”

Assim, a cultura inflacionária levava a uma corrida em que todos querem passar à frente e deixar o prejuízo com os que vêm atrás. Exemplos:

  • O dono de um supermercado em São Paulo aumenta o quilo do presunto em 40%, dizendo que está apenas repassandos custos. A fabricante alega que o preço do porco dobrou. E o criador põe a culpa no milho…
  • Duas empresárias reajustam em 100% o preço das lingeries que produzem, 70% a título de repasse do aumento da matéria prima e 30% por conta própria. “Seguimos a mentalidade predominante no país. Reajustamos nossos preços já por conta da inflação dos próximos meses”, explicavam.
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“Como toda cultura, a inflacionária tem uma tradição, cânones próprios, sumos sacerdotes e pode ser transmitida de uma pessoa para outra”, observava a reportagem de VEJA. Ouvido pela revista, o então deputado Antonio Delfim Netto dizia que, ao longa da história, o grande professor da inflação era o próprio governo. “Que ninguém se iluda. A inflação é um mecanismo que transfere riqueza do bolso do trabalhador para o caixa do governo. Se o governo deixar de produzir inflação, toda a cultura inflacionária se desmancha no ar.”

Clique para ler a reportagem na íntegra.

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