A ambivalência e a influência de Villas Boas
O dedo do ex-comandante do Exército na mudança de tom de Bolsonaro
O ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas-Boas, soltou um tuíte que é um primor de ambivalência (abaixo), Getúlio Vargas estaria orgulhoso.
O tuíte diz que vivemos um momento especial e muito grave. Discorda de Bolsonaro, que vem dizendo que o que há é uma histeria, e que o Covid é uma “gripezinha”. Mas não o critica.
Diz que muitos dos protagonistas não entenderam que a crise exige união. Pode ser uma crítica a Bolsonaro ou a qualquer um.
Diz que ações extremadas podem acarretar consequências imprevisíveis. É uma platitude que pode ser uma referência ao isolamento, ao combate ao isolamento, aos esforços para tirar o Bolsonaro do cargo.
Diz que ações extremadas podem acarretar um preço alto para os desassistidos e informais. Pode se referir ao isolamento, que pode deixá-os sem emprego, ou à falta de isolamento, que pode matá-los.
Diz que a virtude está no centro. Aqui, é impossível não ver crítica a Bolsonaro, o mais extremista de todos.
Diz que se pode discordar do presidente, mas que ele tem coragem e convicção. Não diz que Bolsonaro está certo, então parece uma crítica, mas é do tipo que bate com uma mão e afaga com a outra.
Diz que um líder deve agir em função do que as pessoas necessitam, não do que elas querem. Mas não diz o que elas querem nem do que necessitam.
Ou seja, cada um que entenda o que quiser.
Mas uma coisa é certa: em seu novo pronunciamento, Bolsonaro mudou radicalmente de tom, ficou muito mais sóbrio e razoável — e é impossível não enxergar nessa mudança o dedo de Eduardo Villas Boas.
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O tuíte do general:
https://twitter.com/Gen_VillasBoas/status/1244722438002429952/photo/1