“Se você aplicar o velho ditado ‘quem com ferro fere, com ferro será ferido’, é pra todo mundo chamar o Pablo Marçal de ‘arregão’”, disse Eduardo Bolsonaro.
Eduardo referia-se ao fato de que Marçal — que, diante da ausência de Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e José Luiz Datena no debate da VEJA, chamou os três de moleques e disse que “faltam homens viris” — faltou a uma entrevista com o influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo.
Eduardo foi em frente, citando do jornal O Estado de S. Paulo (vejam só, bolsonarista reconhecendo mérito na grande imprensa ) segundo a qual auxiliares da campanha de Marçal trocaram carros de luxo por cocaína. E reclamando que Marçal teria acusado candidatos de cheirar cocaína sem apresentar provas. Lacrou dizendo que “tem gente que gosta de lacração”.
Não deixa de ser interessante.
Quando surgiu, Jair Bolsonaro representava a ultradireita, xingava todo mundo, fazia acusações sem provas, faltava a debates, se apresentava como outsider (o que era falso) e lacrava sem parar. Todo mundo dizia que era irresponsável e covarde.
Pablo Marçal representa a ultradireita, xinga todo mundo, faz acusações sem provas, falta a entrevista, se apresenta como outsider (o que é fato) e lacra sem parar. Todo mundo diz que é irresponsável e covarde. O interessante é que ninguém diz isso com mais ênfase do que os Bolsonaros: as redes estão explodindo em ataques bolsonaristas contra o coach.
Marçal está disparando nas pesquisas e já ameaça o candidato de Bolsonaro, Ricardo Nunes (a quem chama “bananinha”). E os Bolsonaros estão em pânico com a perspectiva de perder o controle sobre o bolsonarismo. Com toda razão.
Mas Eduardo (a quem o ex-vice-presidente Hamilton Mourão chamou “bananinha”) erra ao aplicar o ditado “quem com ferro fere, com ferro será ferido’” a Pablo Marçal.
Quem está sendo ferido com o ferro com que feriu é Jair Bolsonaro.
(Por Ricardo Rangel em 23/08/2024)