Lula em Pernambuco não é um erro. São vários
O presidente parece fazer questão de irritar os eleitores que sabem que houve muita corrução nos governos do PT. E de dispensar seus votos.
Lula foi visitar a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Foi dar o pontapé inicial no programa de obras bilionárias no setor de refino de petróleo. A visita é uma ideia equivocada de tantas maneiras que chega a ser difícil comentar.
Para começar, é mais uma contradição do presidente que já definiu a si próprio como “metamorfose ambulante”. Lula vai para a COP, autoproclama-se maior líder ambiental do mundo, defende a eliminação do combustível fóssil — e depois investe em refinaria. Não pega bem com os gringos. (Lula poderia dizer que o Brasil emite pouco carbono oriundo de combustível fóssil, e que ele pode ser facilmente compensando pela redução do desmatamento, mas não é isso que diz.)
Mas Lula quer porque quer que o Brasil seja autossuficiente não só na produção de petróleo, mas também no refino. É um erro: investir em refinaria não faz sentido do ponto de vista econômico. A produção de petróleo é muito mais rentável do que o refino: se é para investir em combustível fóssil, que seja em produção.
A obsessão de Lula e do PT pelo refino é similar a sua obsessão pela indústria naval: cara, perdulária, inútil para o povo e muito útil para os adeptos da roubalheira.
Por fim, visitar Abreu e Lima é um tapa na cara de todos os eleitores que não são lulistas-raiz. Abreu e Lima é um dos maiores símbolos do petrolão, da corrupção e do relacionamento freudiano que o Brasil do PT tem com governos de esquerda na América Latina. A refinaria deveria ser uma joint-ventures com a Venezuela, mas o compañero Hugo Chávez deu o calote e deixou o governo petista (e a nós todos) pendurado na brocha.
Nada deu mais prejuízo à Petrobras do que Abreu Lima. Com exceção, talvez, do Comperj, no Rio de Janeiro. Onde o governo pretende investir mais uma porção de bilhões.
Mas tudo bem, porque, como Lula sempre disse, o petrolão nunca existiu e a Lava-Jato foi uma fraude.
Então, tá, então.
(Por Ricardo Rangel em 18/01/2024)