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Lula tem razão quando ataca Campos Neto (só que não)

Atacar o presidente do Banco Central é um erro — por vários motivos

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 jun 2024, 18h27 - Publicado em 24 jun 2024, 18h22
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  • Lula atacou mais uma vez o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamando-o de “adversário político”.

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    Lula não está errado em sua percepção. Na eleição de 2022, Campos Neto foi votar usando uma camisa da seleção — e, além de publicar o voto, teve o desplante de se defender dizendo que o voto é assunto “privado”. E, antes da eleição, auxiliou Bolsonaro nas projeções de voto.

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    Mais recentemente, RCN compareceu a um convescote em sua homenagem organizado pelo governador Tarcísio de Freitas, presumível candidato de Bolsonaro a presidente, e teria sinalizado que aceitaria ser seu ministro da Fazenda. O presidente do Bacen se move como ator político, e sua conduta é ética e institucionalmente indefensável.

    Mas, ao externar sua percepção, Lula erra, e erra feio.

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    Do ponto de vista técnico, a conduta de Campos Neto tem sido irretocável. O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu o juro em plena campanha eleitoral, o que em nada ajudou Jair Bolsonaro. E, com Lula, iniciou um ciclo de redução de juro.

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    Quando o Copom se dividiu, Campos Neto desempatou a favor da redução do juro. E na semana passada, a decisão de interromper o ciclo de queda do juro foi unânime — incluídos aí os votos de todos os indicados por Lula.

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    A taxa de juros no Brasil não está alta porque Campos Neto trabalha contra Lula ou “contra o Brasil”, como avalia o presidente. A taxa está alta por outros motivos, como a taxa de juros americana, a expectativa de inflação futura, as dificuldades fiscais do governo e a incontinência verbal do presidente.

    Sem falar que presidente da República não pode, por definição, reclamar do Banco Central.

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    Primeiro, porque é falta de compostura, de compreensão de seu papel institucional (o mesmo pecado que comete Campos Neto, do qual Lula reclama). Segundo, porque, ao bater boca com quem tem menor importância, o presidente se rebaixa.

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    Por fim, e mais importante, porque é contraproducente. Cada vez que Lula reclama da taxa de juro ou ataca o presidente do Bacen, mais difícil fica para o Bacen cortar o juro. E quanto mais fala o que não deve, mais munição fornece ao bolsonarismo.

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    A crise em que o governo está é responsabilidade do governo, e cabe ao presidente da República resolvê-la. Quanto mais energia Lula gasta procurando um bode expiatório em quem botar a culpa, menos energia tem para investir na solução da crise. Sem falar que, se convencer os eleitores de que RCN é culpado por tudo, o que vai dizer no ano que vem, quando o presidente for outro e os problemas continuarem os mesmos?

    Lula precisa parar de falar abobrinha, arregaçar as mangas e trabalhar. 

    (Por Ricardo Rangel em 24/06/2024)

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